A saída de cerca de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais tem marcado a atualidade política e teve ontem episódio relevante quando o centrista Paulo Núncio, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, assumiu a “responsabilidade política” pela não publicação de dados estatísticos e se demitiu dos cargos que ainda detinha no CDS.
O tema da saída de dinheiro para offshores já havia marcado presença no debate quinzenal. Com António Costa presente, foi precisamente pela voz do primeiro-ministro e líder do PS que chegaram críticas a Passos Coelho, que liderou o Governo de que Paulo Núncio fez parte.
O jornal Público adiantaria mais tarde que, na reunião da bancada ‘laranja’ na última quinta-feira, Passos terá considerado que Costa teve uma atitude “reles” e “ordinária”. Nas redes sociais, este elemento não foi ignorado. E o assumir de responsabilidades por parte de Paulo Núncio deu lugar a críticas precisamente a Passos.
Porfírio Silva foi um dos socialistas que abordou o tema. “Passos diz que o Núncio responde ao Papa e sacode a água do capote”, criticou.
Tiago Barbosa Ribeiro manteve críticas semelhantes, escrevendo primeiro que, após Núncio assumir responsabilidade, há “redobradas razões para o Parlamento actuar e apurar as responsabilidades que faltam”. Numa segunda publicação pouco depois, a questão do “reles” foi igualmente recordada.
O também deputado socialista João Galamba focou o mesmo tema, sugerindo que os comentários de Passos Coelho foram feitos “de cabeça perdida” e que Costa, nas suas críticas no Parlamento, “disse apenas a verdade”.