Várias figuras do PSD assumiram publicamente divergências em relação a Marcelo Rebelo de Sousa. O facto de o Presidente considerar que não há provas que coloquem em causa Mário Centeno foi a mais recente questão a levantar celeuma. E foi também assunto comentado por Miguel Sousa Tavares no seu espaço de comentário no telejornal da SIC.
“Acho que o PSD está mal habituado pelos anos de Cavaco no poder”, começou por dizer o comentador, acrescentando logo de seguida, que, “neste caso, PSD e CDS têm razão”.
“Marcelo tem-se colado desnecessariamente ao Governo” disse, e tal “resulta não tanto de um apoio explícito ao Governo mas sobretudo do excesso de intervenção”.
“[Marcelo] comporta-se quase como se fosse o sexto partido com assento parlamentar. Ouve-se os cinco partidos e a seguir ainda há mais a opinião do Presidente, diariamente, sobre todos os assuntos, até sobre o fecho do Teatro Cornucópia, o que está muito para além do que deve ser a função presidencial”, criticou.
Sousa Tavares recordou a recente entrevista ao El Pais para relembrar as razões de Marcelo Rebelo de Sousa na procura de dar estabilidade ao Executivo e ao país.
“Mas isso não passa por se estar a envolver em cada questão, a pronunciar-se sobre o desempenho do Governo”, salientou. Este tipo de intervenções são algo que, defende, “deve ser feito de tempos a tempos”.
Marcelo “coloca-se como ator no teatro político e devia ficar de fora”, acrescentou ainda reafirmando que o PSD está “mal habituado”, “neste caso o PSD tem razões de queixa”.
O risco para Marcelo Rebelo de Sousa é o de tornar-se um dos elementos de crispação política, contrariando a ideia de “descrispação” que o próprio Marcelo referiu no passado, destacou ainda Sousa Tavares.
