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"Queremos pôr pais a votar nos filhos e não os filhos a votar nos pais"

Francisco Rodrigues dos Santos falou ao Notícias ao Minuto e explicou as ambições da Juventude Popular no seio político e nacional.

"Queremos pôr pais a votar nos filhos e não os filhos a votar nos pais"
Notícias ao Minuto

08:20 - 07/05/16 por Inês André de Figueiredo

Política Juventude Popular

Francisco Rodrigues dos Santos tem 27 anos e uma carreira exponencial na Juventude Popular (JP), sendo que está à frente da juventude partidária do CDS e apenas começou a ter uma participação ativa há cerca de quatro anos.

Em entrevista exclusiva ao Notícias ao Minuto, o centrista relembra que a política sempre fez parte do “contexto familiar”, mais precisamente porque o seu avô teve cargos políticos ligados ao PSD na Junta de Freguesia e na Câmara Municipal. “Sempre me habituei a perceber a importância que tinha a participação cívica e o serviço às comunidades”, realça o líder da JP.

Depois de sair do Colégio Militar, o jovem estudou as ideologias partidárias de PSD e CDS – por saber que se situava à Direita do espetro político – e achou que “os valores do conservadorismo, da democracia cristã e do liberalismo” se inseriam mais naquele que é o seu “pensamento sobre a organização social e política do Estado”.

“Foi uma escolha completamente ponderada, até porque se seguisse o caminho normal provavelmente estaria no PSD e não no CDS”.

“Acabei por me filiar em 2007 na Juventude Popular, sendo que até 2012 não tive nenhuma participação ativa”, explica, mostrando que o associativismo académico e os estudos estiveram em primeiro plano na sua vida.

Juventude partidária: Escolha política ou de vida?

Na opinião de Francisco Rodrigues dos Santos, a juventude partidária “deve ser uma escolha política” na vida de um jovem. “Não deve ser uma escolha de vida, porque a política pode ser viciante mas não deve provocar dependência e a profissionalização da política, da forma como está a ser encarada, está a descredibilizar a militância nos partidos”, afirma, mostrando que muitos políticos chegam a altos cargos e apenas lhes é conhecida uma carreira na política.

Nesta senda, o centrista garante que a política precisa de ser “regenerada”, com uma aposta concreta em pessoas “com credibilidade, prestígio social e que deram provas na sua atividade profissional de que são competentes”. “O conselho que damos na Juventude Popular é que, paralelamente à vida política, os jovens se preocupem em apostar na sua formação curricular, numa atividade profissional competente, para assim darem provas do seu valor fora da política para depois acrescentarem qualidade aos quadros que já existem”, esclarece.

De líder da ‘jota’ a líder do partido?

Questionado sobre os casos de Passos Coelho e António José Seguro – que lideraram PSD e PS, respetivamente, depois de terem passado pela liderança da JSD e JS – o centrista refere que se trata de “dois exemplos paradigmáticos” que levaram esta questão a ser “mistificada na opinião pública”. “Eu acho que não é necessário [passar pela juventude partidária], não é condição sine qua non [sem a qual não pode ser], mas também não nos podemos arrogar ao direito de paradoxalmente criticarmos a política por ser um feudo onde estão presentes sempre as mesmas figuras e depois, ao mesmo tempo, dizer que os jovens não devem envolver-se na política”.

Como lidam os partidos com as juventudes partidárias?

O líder da Juventude Popular salienta que “os partidos devem pugnar por promover o mérito e dar oportunidades” aos jovens que dão provas do seu trabalho. “Não acho que seja cadastro, em vez de currículo, aquilo que os jovens fazem através das organizações políticas”, defende, recordando Martin Luther King e a ideia de que o que o preocupa “não é o grito dos maus mas o silêncio dos bons”.

O jovem acredita que razões de natureza profissional e pessoal fazem com que os militantes das juventudes partidárias acabem por não ser membros dos partidos, contudo Francisco Rodrigues dos Santos crê que “os partidos também são seletivos e às vezes não são muito dados à renovação”, mostrando que o CDS é um exemplo na aposta nos jovens que “são o combustível dessa renovação”.

A política é uma 'porta' para a vida?

“A política abre horizontes, é verdade, permite-nos ter acesso ao exercício do poder e o poder é isso mesmo, a transformação das ideias em serviço aos outros e isso é muito nobre. Nessa aceção a juventude abriu-me essas oportunidades, agora não devo o meu percurso profissional e pessoal à Juventude Popular”, realça o centrista.

O futuro, as ambições e o CDS

Francisco Rodrigues dos Santos garante que estará “sempre disponível” para o CDS. “Este é o partido em que eu acredito, desde logo pelos valores e depois pelas pessoas e pela forma como se faz política. Se o CDS se mantiver fiel a esta matriz e se eu sentir que sou valorizado ou penalizado em consequência do mérito das minhas ações, eu estarei sempre disponível para o meu partido”, justifica o centrista.

“Eu tenho uma máxima para a minha vida que é: espero sempre receber na medida daquilo que dou e segundo os frutos e a qualidade do serviço que presto às organizações em que estou inserido e espero que o CDS, a mim como a toda a minha geração, possa dar a contra prestação daquilo que nós damos de forma altruísta”, acrescenta.

Relação CDS-PP e Juventude Popular

O líder dos jovens militantes centristas explica que “a JP é uma organização autónoma do CDS”, salvaguardando que “há uma relação simbiótica” entre ambos. “Nós não somos adversários nem concorrentes, muito pelo contrário, nós sabemos que a força de um medir-se-á pela grandeza que o outro tiver”, refere Francisco Rodrigues dos Santos.

Neste seguimento, o centrista deixa claro que “a JP, em determinadas matérias, pode discordar do partido”, já que “as ideologias são latas o suficiente para haver divergências”. “A JP, como centro de formação de novos membros do partido, é a primeira linha de formação do CDS, a certeza da sua continuidade no tempo e a confiança de que a abordagem aos mais novos consegue promover de forma mais eficaz o crescimento que ambicionamos”, esclarece, mostrando a relevância da JP em relação ao principal partido.

Francisco Rodrigues dos Santos revela que a JP tem a “ambição de consolidar o CDS como o partido autónomo de governo, sem necessitar de ser muleta de maiorias de nenhum outro”. “Nós queremos colocar os pais a votar nos filhos e não os filhos a votar nos pais e quando isso acontecer tornar-nos-emos a maior juventude partidária em Portugal e conseguiremos dar um input de crescimento ao CDS que lhe permita ter uma expressividade que neste momento é razoável, é boa, mas ainda não é aquela que as novas gerações desejam”, revela, mostrando a aspiração na juventude do CDS.

O centrista acredita que este crescimento se faz com “causas e bandeiras concretas como justiça, o emprego, a ação social, a educação, o empreendedorismo, a administração interna, a segurança, a defesa, a saúde”. “Em todas estas matérias nós queremos apresentar soluções para os problemas”.

O Parlamento e o ‘resgate’ do deputado da JP

“A Juventude Popular neste momento não tem nenhum deputado no Parlamento. O nosso candidato foi o número 5 pelo círculo eleitoral de Coimbra e a coligação só elegeu quatro deputados. Estamos empenhados em ‘resgatar’ esse deputado e voltar a dispor de representação parlamentar para defender as nossas ideias, com a visibilidade que merecemos, repostar com iguais poderes”, pretende o centrista, revelando que, mesmo sem representante, as ideias da JP acabam por ser tidas em conta pelo Grupo Parlamentar e pelo deputado padrinho, João Almeida. 

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