Silva Peneda, que em maio se apresentará como conselheiro de Jean-Claude Juncker, refere este domingo, em entrevista ao Jornal de Notícias, que o programa da troika é “incompetente”, diz que foi “feito à bruta, ignorando a realidade portuguesa”, mas que, apesar disto, o Governo poderia ter feito mais junto da troika para contrariar algumas das medidas impostas.
“O programa da troika, tal como foi aplicado, é incompetente por várias razões”, refere o presidente do CES, explicando que “há uma diferença enorme entre aquilo que foi proposto e aquilo que veio a ser conseguido”, algo que poderá ser explicado pelo facto de se ter pensado “que era um problema financeiro e que, com o equilíbrio das contas públicas, tudo se resolveria”.
E para o conselheiro do presidente da Comissão Europeia quem é o culpado disto? A troika, mas também o Governo português. “O programa da troika foi feita à bruta, ignorando aspetos essenciais da realidade portuguesa, como a procura interna, o endividamento das famílias e das empresa”, refere. Mas “o Governo, pelos vistos, não lutou muito para alterar o programa”, sendo que na opinião do social-democrata “teve uma visão que não contrariou aquilo que era evidente que devia ter sido contrariado”.
Assim, na opinião de Silva Peneda os portugueses foram obrigados a “uma carga de impostos brutal” e o que o presidente do CES considerou ter sido “uma redução da despesa à cega e à bruta”.
Estas são na sua opinião razões suficientes para explicar o declínio eleitoral dos partidos que servem de base ao Governo. Mas terão o PSD e o CDS chances de voltar a ganhar eleições? Para já, Silva Peneda diz-se incapaz de adivinhar um resultado, até porque “na política, seis meses é uma eternidade”. Mas, por outro lado, tem uma opinião bastante concreta quanto à reedição da coligação.
“Acho que o PSD não tem outro remédio [se não coligar-se]. Segundo as sondagens, os resultados eleitorais, se for sozinho, serão um desastre completo. (…) A coligação é incontornável”, conclui.