"É importante que haja mais proatividade da parte do Governo da República relativamente a esta matéria, porque há dois dados recentes que aumentam a nossa preocupação", disse Berto Messias aos jornalistas, à saída de uma reunião com a Comissão Representativa dos Trabalhadores portugueses da Base das Lajes.
Segundo o deputado, quando se reuniu com os trabalhadores da Base das Lajes, numa deslocação à região, o primeiro-ministro "mostrou alguma insensibilidade e até alguma impreparação relativamente a esta matéria".
Para Berto Messias, outro sinal preocupante foi o chumbo pela maioria PSD/CDS-PP na Assembleia da República de uma proposta socialista para que o Orçamento do Estado para 2015 contemplasse "dotação financeira para um plano de mitigação dos impactos sociais e económicos" que a redução militar norte-americana possa vir a ter.
O Senado dos Estados Unidos aprovou recentemente o orçamento das Forças Armadas para 2015, que proíbe a redução da estrutura militar que os norte-americanos têm nas Lajes até à divulgação de um Relatório de Consolidação de Estruturas Europeias (sobre as bases militares que os EUA usam na Europa).
O deputado do PS considerou que este adiamento da decisão é uma vitória, mas é preciso continuar a trabalhar.
"É mais uma vitória neste processo difícil e longo que temos pela frente, portanto, temos de continuar a pressionar diplomaticamente as autoridades norte-americanas e temos de aumentar a proatividade do Governo da República junto das entidades norte-americanas", frisou.
Para Berto Messias, o "esforço diplomático gigantesco" do presidente do Governo Regional dos Açores junto dos decisores norte-americanos tem contribuído para estes sucessivos adiamentos.
"O presidente do Governo [Regional] inaugurou uma nova forma de diplomacia dos Açores e junto das comunidades portuguesas dos Estados Unidos tem conseguido influenciar positivamente as decisões relativamente à Base das Lajes", salientou.
Por sua vez, o presidente da Comissão Representativa de Trabalhadores, Bruno Nogueira, considerou que as entidades regionais e nacionais devem aproveitar este tempo de espera em relação à decisão dos EUA para "arranjarem alternativas para o futuro para a Base das Lajes e para os postos de trabalho".
Para Bruno Nogueira, "é essencial que haja consensos entre todos os participantes nesta matéria" e que as autoridades nacionais mostrem aos Estados Unidos porque devem "criar uma restruturação da Base das Lajes e não simplesmente reduzir quase por uma teimosia".
"Sentimos que, a nível regional, o trabalho está a ser feito de forma concertada e sempre com os interesses dos trabalhadores em prioridade. No entanto, nós precisamos de mais trabalho", sublinhou.
Os Estados Unidos da América anunciaram a intenção de reduzir no ano passado o contingente que têm nas Lajes, em mais de 400 militares e 500 familiares, mas a decisão tem sido adiada devido a várias iniciativas legislativas.