"O poder político deixou-se castrar pelo poder económico"
Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social, aborda este sábado, em entrevista ao jornal i, a questão do problema das contas públicas portuguesas e a resposta a nível europeu ao mesmo. Descontente com um PSD que diz ?estar a sair de si?, o social-democrata diz que, neste caso, o ?poder político deixou-se castrar pelo poder económico?, e que essa foi a única causa da crise.
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Política Silva Peneda
“A sociedade portuguesa tem problemas muito graves e muito complicados. Eu não acredito nos automatismos do mercado e a crise mostrou isso claramente. (…) O poder político deixou-se castrar pelo poder económico e financeiro”, afirma este domingo, em entrevista ao jornal i, Silva Peneda.
Para o presidente do Conselho Económico e Social, o PSD, de quem se diz partidário, perdeu a sua matriz social-democrata, algo que o tem afastado cada vez mais das posições políticas assumidas pelo partido laranja.
“(…) O poder político tem uma responsabilidade perante a sociedade no sentido de assegurar mecanismos adequados de regulação e de proteção daqueles que são os mais fracos, em qualquer área. E sinto que esta visão não é aceite pelas tendências dominantes neste momento no PSD”, refere Peneda.
Voltando ao tema da crise financeira, e defendendo posições muito próprias quanto à intervenção da troika, o presidente do CES, diz que “se há uma lição recente a tirar desta crise é a do reforço da social-democracia, a do reforço da intervenção das políticas públicas”, refere.
Mas acrescenta que isto não significa “um Estado grande”, mas mais regulação. Neste sentido, refere que “Portugal precisa de um compromisso a dez anos”, com três objetivos claros: “a reforma do Estado, o crescimento da economia e o equilíbrio das finanças”, explica.
Fazendo uma alusão a um possível entendimento neste âmbito entre as principais forças políticas, Silva Peneda acredita que Portugal “precisa de tempo”, mas que “sem um acordo de regime” dificilmente será possível dar a volta à situação vivida em Portugal, “o resto é conversa fiada”, atira.
Assim, com as eleições legislativas de 2015 já no horizonte, o dirigente do Conselho Económico e Social acredita ser necessário um compromisso alargado, pois “é muito difícil pôr o país a crescer a 2%, 2,5% e 3, sem haver um compromisso”, conclui.
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