O candidato presidencial Luís Marques Mendes comentou, esta quarta-feira, a situação das demolições em zonas do distrito de Lisboa, nomeadamente, em Loures.
"Há ali uma situação ilegal, é verdade. Mas a Câmara foi conivente durante anos. E, por isso, no momento em que quer fazer as demolições, devia ter encontrado primeiro um alojamento provisório, temporário, e só depois fazia as demolições. Ou seja, o contrário do que acabou por ser feito", disse, em declarações aos jornalistas em Santarém.
Marques Mendes refere que ao agir dessa forma, a autarquia teria lidado com a situação com "sensibilidade e bom senso."
"Na política, tudo é muito importante: tomar decisões, ter boas orientações, mas é fundamental ter sensibilidade e ter bom senso", continuou.
Questionado pelos jornalistas no local acerca da existência de bairros com barracas em Lisboa e qual o papel que o Estado e também um Presidente da República deveria ter face a esta situação, Luís Marques Mendes começou por apontar que a habitação "deveria ser uma prioridade"- e exemplificou com a iniciativa de apelo às cooperativas em que esteve esta semana. Note-se que nessa altura, na segunda-feira, já as demolições decorriam, mas Marques Mendes remeteu declarações sobre o assunto para mais tarde, considerando que não ia falar sobre a situação em Loures na altura, porque "não tinha dados que hoje [segunda-feira]" o fizessem o "permitissem ter uma opinião sobre isso."
"Não há milagres no domínio da habitação. Construir uma casa, desde logo, depois do projeto aprovado e licenciado leva dois anos. Portanto, não há milagres. Soluções de um dia para o outro? Não há", afirmou, defendendo que não se devia criar "ilusões" sobre o tema.
"Por isso é que eu sou defensor de que haja um entendimento entre os partidos para reabilitar o arrendamento, porque arrendar uma casa pode ser uma coisa rápida. Enquanto não se constrói, arrenda-se. Enquanto não se tem casa própria, arrenda-se. Mas o mercado do arrendamento está pelas ruas da amargura", criticou.
Recorde-se que, na segunda-feira, a Câmara de Loures deu início à demolição de alojamento construídos no Bairro do talude, numa operação que apresentou resistência por parte dos moradores, que não têm para onde ir.
Segundo foi depois explicado, os moradores foram notificados das demolições na sexta-feira, dois dias antes de os alojamentos começarem a ser destruídos.
Mais de 160 pessoas estão a ser afetadas com a destruição das barracas, e movimentos como o Vida Justa tem vindo a acusar a Câmara Municipal de Loures de impedir o acesso ao direito dos moradores do bairro do Talude Militar. Foram destruídas mais de 60 casas autoconstruídas.
As demolições aconteceram na segunda-feira e estavam previstas terça-feira, mas foram suspensas. Ainda assim, ainda foram derrubadas algumas casas na manhã de terça-feira.
Note-se que nessa manhã, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa decretou que a Câmara Municipal de Loures ficava "impedida de executar o ato de demolição" de habitações no Bairro do Talude Militar.
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