Luís Marques Mendes, candidato presidencial, rejeitou falar, esta segunda-feira, acerca das demolições que estão a decorrer em Lisboa, nomeadamente, em Loures. "Não vou falar sobre a questão das demolições. Não tenho dados que hoje me permitam ter uma opinião sobre isso", afirmou aos jornalistas.
No Lumiar, referiu que a sua visita não estava relacionada com as demolições que estão atualmente a acontecer, apontando que "queria falar no sentido oposto", nomeadamente, em relação às cooperativas de habitação.
"Ou seja, construir casas, construir casas mais baratas do que se constrói habitualmente - porque a câmara dá o projeto e dá o terreno. E é escolhida por concurso público uma cooperativa. Como há tantas câmaras no país que têm terrenos e podem aprovar projetos, aqui está uma via para ajudar a resolver a crise da habitação", afirmou, defendendo que esta é "não é a única", nem a "mais decisiva de todas", mas que é também importante.
"Hoje queria concentrar-me nesta aspeto pela positiva", atirou.
Questionado sobre se este tema da habitação não tinha marcado a agenda nos últimos tempos, Marques Mendes afirmou: "Acho que o tema da habitação que há bastante tempo marca a agenda. Foi no Governo anterior e é agora, mas vai marcar cada vez mais. Há habitação, como na Saúde e noutras áreas, cada um tem o direito de fazer as críticas que entender. Mas também começa a ser urgente dar solução, apresentar soluções, desafiar com soluções em concreto."
Note-se que a Câmara Municipal de Loures assumiu esta segunda-feira a demolição de 64 casas autoconstruídas no Bairro do Talude Militar, onde vivem 161 pessoas, e esclareceu que a operação policial no local decorre sob comando da autarquia.
"A Câmara Municipal de Loures não permitirá a construção e a continuidade da construção desta realidade que são as barracas no concelho de Loures", afirmou a vereadora com o pelouro da Polícia Municipal, Paula Magalhães (PS).
Em declarações à Lusa e à Antena 1, a autarca de Loures falava a cerca de 200 metros da entrada do Bairro do Talude Militar, onde está em curso a demolição de barracas, depois de os moradores terem sido notificados na sexta-feira pelo município, localizado no distrito de Lisboa.
"Foram notificados com as 48 horas que a lei obriga", indicou Paula Magalhães.
A operação de demolição de casas autoconstruídas no Bairro do Talude Militar, ordenadas pelo município de Loures, arrancou pelas 12h00, depois de a polícia ter afastado à força moradores concentrados no local para tentar impedir a operação.
Perante a resistência dos moradores, houve um reforço policial no local, com agentes da Equipa de Intervenção Rápida da Polícia de Segurança Pública intervieram com bastões para afastar os residentes e uma pessoa foi arrastada pelo chão.
Contactada pela Lusa, a porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, Ana Ricardo, referiu que a operação a decorrer no bairro do Talude Militar é da responsabilidade da Câmara de Loures e da Polícia Municipal, estando esta força de segurança apenas a dar apoio.
"O nosso objetivo é apenas a manutenção da ordem pública", sublinhou a responsável, explicando que as autoridades "num primeiro momento encontraram uma grande resistência" e que foi necessário "dar ordem de dispersão".
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