"Que toda a gente mobilize toda a gente, apelando à sua inteligência. Desperdiçar votos à esquerda é fortalecer a agenda daqueles que não gostam do 25 de Abril. Concentrar votos no PS é criar as condições para que o Governo que vai sair das próximas eleições seja um Governo que esteja à altura do prestígio, das necessidades e da força de Portugal", apelou Augusto Santos Silva, que se juntou esta tarde à campanha do PS em Setúbal.
O antigo presidente do parlamento disse não ter medo do voto de ninguém, mas das pessoas "que não vão votar" e apelou à mobilização porque "quanto mais gente votar, mais força terá o PS" e assim poderá haver, na sua opinião, um Governo competente e que "saiba estar atento à Europa e ao mundo".
Para Santos Silva, era preciso que Portugal tivesse um "Governo e não uma comissão eleitoral".
"11 meses de comissão eleitoral, 11 meses de esbanjar o dinheiro que a gestão financeira prudente do PS tinha permitido acumular, não para fazer reformas ou acautelar o futuro, mas sim para tentar calar os grupos ou interesses mais vocais", criticou, considerando que "isto não é governar" e que "é preciso ajudar" Luís Montenegro "a transformar-se em ex-primeiro-ministro".
Santos Silva mostrou-se perplexo por ter ouvido esta manhã Luís Montenegro afirmar que o único voto útil para a estabilidade é na AD, contrapondo que as eleições de domingo vão acontecer porque o Governo "forçou a sua própria queda" por causa "de um problema pessoal".
"Claro que vários partidos podiam reclamar para si a estabilidade, mas há uma coligação que não pode que é a AD", afirmou.
Mas o antigo presidente do parlamento manifestou também "tristeza" porque o país não precisava destas eleições neste momento nem que "o problema do primeiro-ministro paralisasse a vida" de Portugal numa altura crítica para o mundo.
"Gostava que o Governo estivesse a orientar-nos, a falar em nosso nome, a representar-nos em em Bruxelas ou em Nova Iorque (...), que estivesse a condenar o massacre em Gaza", enfatizou.
Recordando que foi ministro dos Negócios Estrangeiros durante seis anos e meio, Santos Silva referiu que, então, o primeiro-ministro português "era chamado frequentemente a consultas com os seus colegas porque a palavra de Portugal contava".
"A política externa portuguesa existia e não se ia jogar golfe nos dias em que se devia estar em Bruxelas", atirou.
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