Miguel Sousa Tavares comentou, na quinta-feira, a possibilidade de a lei da greve vir a ser alterada, uma possibilidade colocada em cima da mesa por Luís Montenegro, na quinta-feira, ao 2.º dia de greve na CP - com a oposição a deixar críticas. Atualmente, os comboios estão totalmente parados, já que não foram decretados serviços mínimos.
"Acho que Luís Montenegro ganhou muitos votos hoje e Pedro Nuno Santos perdeu muitos votos - porque é evidente que tem de haver uma solução para a CP", considerou, no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
Contas feitas, Miguel Sousa Tavares apontou que, "apesar do péssimo serviço que presta", transporta todos os anos "meio milhão" de passageiros diariamente.
"Meio milhão de pessoas precisam do comboio - para trabalhar, sobretudo. São os mais pobres, os mais vulneráveis, são os trabalhadores estrangeiros, são as mulheres da limpeza. É tudo isso. Isso não pode continuar", defendeu, explicando que para si a mudança da lei da greve não seria a opção a tomar.
Os maquinistas da CP têm 17 subsídios. Um deles - não sei se extrapolável para todos - é um subsídio por cada dia que vão trabalhar. Isto é uma anedota
"Isto não pode continuar. Eu não iria lá mudando a lei da greve. Porque o problema principal não é da lei da greve. Evidente que há greves que têm de ser regulamentadas de alguma maneira. Agora, aqui o problema não é da lei da greve. É da empresa. E isto só tem uma solução, que é liquidar a CP. Deixá-la ir à falência, liquidá-la, e ao mesmo tempo faz outra empresa pública e abre o transporte ferroviário a empresas privadas para sermos um país com transporte de comboios a sério, como é Espanha", argumentou.
"Os maquinistas da CP têm 17 subsídios. Um deles - não sei se extrapolável para todos - é um subsídio por cada dia que vão trabalhar. Isto é uma anedota", afirmou, referindo não era sustentável gastar "milhares de milhões de euros" com a empresa em relação à alta velocidade, dado que estava erada parada "quando queriam."
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