Estas pessoas já se encontravam junto ao Arco da Porta Nova, no centro de Braga, ainda antes de o líder do Chega chegar e trocaram provocações com os dirigentes e apoiantes do partido que já se encontravam no local de onde arrancou a arruada marcada para o final da manhã.
Com uma bandeira da comunidade cigana e outra de movimentos anti-nazis, gritavam acusações de racismo e fascismo.
"Viva o 25 de Abril, viva a liberdade", gritou também o grupo, afirmando-se cidadãos portugueses.
Em resposta, a comitiva do Chega gritou palavras e cânticos de apoio ao partido, como "Chega, Chega" e "Portugal é nosso", enquanto abanavam bandeiras do Chega e de Portugal.
O momento mais tenso aconteceu quando André Ventura chegou ao local e cuspiram na direção do líder do Chega, à distância, atingindo-o.
Nesta altura, os gritos intensificaram-se de parte a parte e o líder do Chega devolveu as acusações de racismo e disse ao grupo que "tem de trabalhar".
André Ventura disse que as pessoas da comunidade cigana "não podem andar pelo país todo a impedir o Chega de fazer campanha política" e a "tentar calar, atacar e ofender".
O presidente do Chega considerou também que estas pessoas são "plantadas".
"Continuamos a ter um conjunto de ciganos que são, nalguns casos os mesmos, que andam pelo país todo. Têm de estar organizados. Eu não sei se é a própria comunidade que se organiza, se são os partidos de esquerda, não sei. Sei que estão organizados e sei que estão plantados", sustentou.
Questionado se teme que estas situações se repitam, Ventura disse esperar que, "para bem de todos, da segurança de todos, isso não aconteça".
"Nós estamos a fazer a nossa parte também. Agora, como devem imaginar, eu não posso dizer à comunidade cigana deixem-me em paz", defendeu.
No final da arruada, André Ventura fez uma pequena intervenção, pedindo aos apoiantes que não "se deixem intimidar" e disse ser "perseguido" porque vai "mudar o país".
"Nós não temos medo", gritou, sendo acompanhado pelos apoiantes que o ouviam.
Ainda antes de Ventura chegar, o cabeça de lista do Chega por Braga, Filipe Melo, dirigiu-se aos manifestantes, que lhe disseram na cara "vai-te embora, fascista" e defenderam ter direito a protestar.
"Até me admira que um homem como tu és, sério, esteja num partido que é mentiroso e não tem educação", disse-lhe Célio Maia, que disse conhecer o deputado, enquanto o resto do grupo os rodeava e continuava a gritar insultos.
Neste outro momento de maior tensão, o deputado contrariou esta afirmação e respondeu que o grupo pode manifestar-se, mas não tem "direito de insultar ninguém".
Já em declarações aos jornalistas, Célio Maia considerou que o Chega é contra a comunidade cigana e André Ventura usou isso "como uma arma".
A certa altura, o grupo gritou "PS, PS", mas alguns elementos disseram aos jornalistas que votam AD e Luís Montenegro "é um grande homem".
Também um homem que se identificou como Beto Bethoven disse não querer que as novas gerações sejam alvo de racismo no futuro e considerou que quem apoia o Chega "tem o fascismo lá dentro".
Acusou o Chega e André Ventura de "incentivo ao ódio", e alertou para a possibilidade de uma "guerra civil no país".
"Nós, os ciganos, se nos juntarmos todos, não é uma coisa boa", acrescentou o músico, mas salientou que agora estão "na paz".
Já na quarta-feira, numa arruada em Aveiro, a comitiva do Chega cruzou-se com um pequeno grupo de pessoas de etnia cigana, que também acusaram Ventura de ser racista e lhe pediram que não alimente o ódio contra esta comunidade.
[Notícia atualizada às 14h18]
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