Em declarações aos jornalistas após ter visitado uma empresa agroalimentar especializada em produtos laticínios em Vila do Conde, distrito do Porto, Rui Rocha foi questionado sobre as críticas do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que acusou a direita de estar a preparar um assalto à Segurança Social.
Na resposta, o líder da IL considerou que o que se vê hoje é que "a Segurança Social não garante àqueles que estão em idade ativa, no mercado de trabalho, reformas condignas quando chegarem ao tempo de eles próprios descansarem e terem as suas reformas".
"Portanto, o que nós queremos fazer é criar condições para que aqueles que estão hoje a trabalhar, quando chegar a sua vez de ir para a reforma, tenham condições minimamente adequadas", frisou.
Rui Rocha disse não lhe parecer aceitável que, "para quem tem hoje 30, 40, 50 anos de idade", as reformas venham a ser "pouco superiores a 40% do seu último salário", advertindo que se trata de um "problema muito sério e que todos sabem que existe".
"Mas só a IL o traz à luz do dia e traz com vontade de criar condições para que estas pessoas cheguem a uma idade de reforma com condições diferentes daquelas que estão hoje previstas", referiu.
Qualificando as pessoas entre os 35 e os 67 anos de idade de "geração de entalados", por "carregarem o país às costas", mas terem "muito pouco em troca" em termos de serviços públicos ou de salários, Rui Rocha disse não se conformar que essas pessoas, quando chegarem à idade da reforma, "tenham uma descida muito grande do seu rendimento".
"É isso que a IL quer propor, por via de uma reforma da Segurança Social que nos parece importante, e por via da criação de instrumentos de poupança com vantagens fiscais face àquilo que existe hoje em dia", referiu.
Interrogado se essa reforma não requer um pacto de regime, Rui Rocha disse que é preciso é "vontade política" e disse contar, para esta reforma, "com todos os que entenderem que o problema existe".
"Até ver, só vi a IL a falar dele, a levantá-lo e a propor questões. Todos os outros, sabendo que ele existe, porque todos devem saber, abordam este tema como se ele não fosse uma realidade", criticou.
O líder da IL garantiu que o seu partido vai continuar a apresentar propostas sobre esta matéria, "por muito que outros queiram paralisar o reconhecimento deste problema, por muito que outros não tenham coragem política para o fazer".
"Todos os partidos falam muito da Segurança Social na perspetiva daqueles que hoje já estão em situação de reforma, e também é importante", disse, mas advertiu que só há boas reformas atualmente e no futuro se houver crescimento económico.
"Se nós não tivermos crescimento económico, não só as reformas atuais serão baixas, como as reformas futuras, daqui a 10, 20 anos, serão ainda mais baixas. Ora, isso não é aceitável", indicou, reiterando que o seu partido vai continuar a procurar responder ao problema "por muito que outros o queiram esconder e queiram dizer aos portugueses que não há solução".
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