Inês de Sousa Real definiu como prioritária a "retoma das política de habitação", sem deixar para trás pessoas em situação de sem-abrigo e o reforço do investimento público em projetos como o 'housing first', lamentando que este tipo de resposta tenha ficado de fora do Orçamento do Estado pela "mão da AD".
A líder do PAN falava aos jornalistas depois de uma visita à sede da associação Crescer, em Lisboa, que apoia pessoas em situação de vulnerabilidade social, e à casa de uma das beneficiárias do programa 'housing first' - um modelo que defende que, para as pessoas sem-abrigo saírem da rua devem ter, em primeiro lugar, acesso a uma habitação permanente.
Após o encontro com a associação Crescer, Inês de Sousa Real lamentou que a AD, "em tempo de campanha, faça juras de amor a estas causas" depois de, no parlamento, se ter oposto às propostas do PAN para que "Orçamento do Estado tivesse metas concretas para as casas a atribuir a pessoas em situação de sem-abrigo".
"Temos um problema em relação à imigração (...) mas isso não pode tomar e capturar a agenda em relação a outros temas muito sérios, como é o caso da pobreza e da erradicação das situações das barracas ou até mesmo desta situação das pessoas estarem em situação de sem-abrigo. É fundamental olharmos para as várias políticas e aqui Luís Montenegro falhou redondamente e nada tem feito para além de rejeitar as propostas dos outros partidos", atirou.
Inês de Sousa Real frisou ainda que a erradicação das barracas é um dos grande objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030, mas que "Portugal está muito aquém do cumprimento desse objetivo".
Depois da visita à casa de uma beneficiária do projeto 'housing first' desenvolvido pela Crescer, Sousa Real acrescentou que o Governo esqueceu as políticas destinadas a apoiar pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, como pessoas sem-abrigo e com problemas de alcoolismo, pedindo uma "política humanizada de apoio às vítimas" que contraste com a "discussão que partidos como o Chega procuram trazer para a Assembleia da República".
Para a líder do PAN, a situação destas pessoas é um "flagelo social" que urge ser respondido com políticas públicas. Sousa Real acrescentou ainda que o Governo da AD tem protagonizado recuos nas políticas "sociais e humanitárias" que são colmatados pelo trabalho das associações.
"É de facto duro ouvirmos as pessoas dizerem que as suas expectativas de vida, muitas vezes, passam para algo tão simples e basilar como ter uma casa, porque ninguém merece, nem ninguém quer estar numa rua. Enquanto Estado, estamos a falhar, de facto estamos a recuar naquilo que tinha sido o caminho que Portugal estava a fazer para combater as barracas, para combater a pobreza e a vulnerabilidade", acrescentou.
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