Durante uma visita ao Teatro O Bando, em Palmela, no distrito de Setúbal, onde assistiu ao ensaio de uma peça teatral, Rui Tavares lembrou que a Cultura "dá de comer, dá salários, dá modos de vida a muita gente e traz muita gente para regiões do território que poderiam ter dificuldade em encontrar o seu lugar na economia" e, por isso, requer investimento.
Em sua opinião, a Cultura pode fixar gente em zonas rurais através dos empregos que gera. A título de exemplo, apontou o Teatro O Bando, fundado em 1974, que esteve sedeado em Lisboa e que decidiu transferir-se para Palmela.
"Durante metade da sua vida esteve em Lisboa e já há mais de metade da sua vida que veio para aqui, para uma zona mais rural do distrito de Setúbal, e não tem deixado nunca de ter público, não tem deixado nunca de dar emprego a atores, encenadores ou técnicos de luz", destacou.
Por outro lado, a Cultura pode, também, tratar de um problema grave nas cidades que é o esvaziamento dos seus centros, sublinhou.
E acrescentou: "Políticas urbanas, em conjunto com as políticas culturais, precisam de um investimento mais robusto e trazem um retorno económico com ele".
Motivo pelo qual, o líder do partido quer uma redefinição das políticas da Cultura, o aumento e diversificação do financiamento, que deve atingir 1% do PIB, e o reforço das redes de equipamentos culturais.
Rui Tavares falou ainda na importância de se criarem casas da criação que visam a renovação de prédios para fazer desses centros culturais de cultura cidadã e de arte amadora onde as pessoas têm a oportunidade de aprender um instrumento ou de participar num grupo de teatro ou de dança, independentemente de, depois, vir ou não a ser um artista profissional.
O porta-voz do Livre referiu que, nos últimos meses, tem-se ouvido o discurso de que os imigrantes têm de respeitar a cultura portuguesa, mas questionou: "E os nossos políticos respeitam a nossa cultura? Falam da nossa cultura? Põem dinheiro e investem na nossa cultura?".
Ressalvando a importância dos líderes dos diferentes partidos dedicarem um "pedaço da campanha" à Cultura, Rui Tavares aproveitou, ainda, para referir que a peça "1001 Noites -- Irmã Mapuche", que estreia no domingo, é um bom exemplo da importância de preservar a cultura.
"Estamos numa época em que nos estão a pedir opinião o tempo todo e, às vezes, dá vontade de dizer calma porque nós viemos de um passado comum que partilha histórias", concluiu.
Leia Também: Tavares acusa Chega de fazer da AR um lugar de "má fama e reputação"