"Eu creio que na direita sente-se uma enorme acrimónia que dará azo a uma grande instabilidade. Nós vivemos numa situação paradoxal neste momento no nosso país", afirmou Rui Tavares no Cais do Sodré, em Lisboa, enquanto distribuía panfletos a quem por lá passava.
Lembrando que nas últimas eleições legislativas a maioria esteve à direita, o porta-voz do Livre alertou que se essa maioria se repetir haverá uma nova instabilidade no país.
"Porque esta direita só existe para, enfim, a seguir à primeira oportunidade entrar em canibalismo profundo uns partidos com os outros, como aliás vimos com a maneira como Chega e AD [Aliança Democrática] se comportaram durante esta curtíssima legislatura", atirou.
Além do Chega, Rui Tavares criticou ainda a Iniciativa Liberal por ter baixado a "fasquia da ética" na governação que, considerou, retoricamente estava muito alta há cerca de um ano.
Segundo o líder do Livre, que se fez acompanhar da líder parlamentar, Isabel Mendes Lopes, a IL está pronta a ir para um Governo liderado por Luís Montenegro se lhe mostrarem "a chave do armário onde está a motosserra".
Contudo, Rui Tavares também enviou recados aos partidos da esquerda dizendo que, apesar de concordarem em não privatizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), em querer mais habitação pública e um investimento mais vigoroso na escola pública, falta assumirem claramente a responsabilidade numa alternativa de governação.
"O Livre faz isso, mas seria muito importante que os partidos progressistas e de ecologia dissessem, agora que estamos a pouco menos de duas semanas das eleições, ao que vêm porque é isso que pode mobilizar o eleitorado", defendeu.
Para que não restassem dúvidas, Rui Tavares insistiu: "Nós estamos prontos para essas alternativas de governação, estamos prontos para essa responsabilidade. O Livre tem-no dito e achamos que se os outros partidos também o quiserem dizer, aí os dados da situação mudam porque o eleitorado se sente muito mais mobilizado".
Em sua opinião, se a esquerda disser que está pronta para uma alternativa de governação aqueles votos que se perderam depois do colapso da `Geringonça´ poderão regressar.
Apesar de as sondagens darem uma maioria à direita para as legislativas de 18 de maio, o líder do Livre acredita que pode haver uma mudança e haver mais deputados à esquerda do que à direita, o que dará uma maior estabilidade ao país, concluiu.
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