As críticas à atuação do Presidente da República em relação à crise do BES não têm fim à vista, mesmo depois da divisão do banco em dois. Ainda na noite passada, Augusto Santos Silva acusou o chefe de Estado de “sacudir a água do capote” no que a este assunto diz respeito, por alegar conhecer apenas o que lhe foi transmitido pelo Governo.
Mas a amizade entre Cavaco Silva e Ricardo Salgado, que esteve mais de 20 anos à frente da instituição bancária, é de longa data e não é segredo para ninguém.
O jornal i recua no tempo, na sua edição de hoje, relembrando como tudo começou, na década de 60. Nessa altura, Cavaco Silva foi professor de Ricardo Salgado no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (atual ISEG).
Desde então, os dois nomes que os portugueses tão bem conhecem não mais perderam contacto. Entre encontros no estrangeiro e jantares privados, a relação entre ambos foi-se fortalecendo, com Ricardo Salgado a incentivar Cavaco Silva a concorrer às eleições presidenciais de 2006.
O banqueiro financiou, inclusivamente, a campanha em 22.482 euros, o limite máximo estipulado por lei. A família Espírito Santo foi, de resto, a que deu o maior contributo a nível de financiamento.
Quatro anos passados, Ricardo Salgado apoiou, mais uma vez, a recandidatura de Cavaco Silva a Belém, cadeira que este veio a reconquistar em 2011 e em que ainda hoje se mantém ‘sentado’.
Os laços de amizade que unem os dois homens acentuam as dúvidas em relação ao conhecimento que o Presidente da República teria sobre a situação que o BES atravessava quando disse, em julho, que o banco estava estável.