Através de um comunicado enviado à agência Lusa, a candidatura do eurodeputado Bruno Gonçalves defendeu que "a transparência exige-se e não se esconde", defendendo que este "grito de revolta" é a "demonstração última da vontade de fazer política de uma forma diferente".
"A menos de um mês das eleições de delegados ao Congresso Nacional da Juventude Socialista (JS) e já fechados os cadernos eleitorais (que determinarão a capacidade eleitoral dos militantes da JS) não nos foram disponibilizados os dados dos eleitores nem o possível número de delegados ao Congresso Nacional", acusou.
Segundo o candidato, apesar de "diversas tentativas" e de já terem passado mais de três meses da entrega formal das assinaturas para a intenção da candidatura, não foram disponibilizadas "as listagens de todas as pessoas com capacidade eleitoral de forma a preparar as eleições".
"É de lamentar que num processo eleitoral esclarecido seja tão difícil o acesso a algo tão básico como o acesso às informações dos eleitores - quantos são, de onde são e quem são. Mais, é tão ou mais grave, que, também à data de hoje, os membros da Comissão Organizadora do Congresso, órgão máximo responsável pelo Congresso Nacional, não disponham dessa mesma informação", condenou
Numa resposta enviada à agência Lusa, o presidente da Comissão Organizadora (COC) do XXIV Congresso Nacional da JS, Pedro Gomes, considerou que "em política não vale tudo" e que este comunicado de Bruno Gonçalves "recorre à mentira e à calúnia para se vitimizar e atacar o bom nome da JS".
Pedro Gomes assegurou que a organização está de "consciência totalmente tranquila quanto ao seguimento estrito" que deram aos estatutos e regulamentos da JS.
Quanto ao acesso às listagens, o presidente da COC afirmou que, segundo os estatutos, as listagens de militantes apenas podem ser obtidas no prazo máximo de cinco dias úteis a contar da entrega da Moção Global de Estratégia.
"O militante Bruno Gonçalves apresentou um requerimento à Sede Nacional da Juventude Socialista e posteriormente à Comissão Organizadora do Congresso para obter listagens nacionais dos militantes da JS. Não tendo ainda, ao dia de hoje, sido entregue qualquer Moção Global de Estratégia, e não estando, assim, a candidatura formalizada, esse pedido não pode ser satisfeito pela COC, sob pena de violar os Estatutos da JS", contrapõe.
Bruno Gonçalves disse ainda que não recebeu qualquer resposta do pedido feito à COC sobre "o número de delegados ao Congresso Nacional e quais as estruturas concelhias ativas e inativas", informações necessária para organizar as eleições de delegados.
O eurodeputado condenou ainda que tenham sido exigidos "procedimentos adicionais de verificação de identidade aos militantes afetos" à sua candidatura.
"Uma manobra triste e inqualificável que tem como objetivo último impedir estas pessoas do exercício livre da sua militância (que, até à data de hoje, nunca havia suscitado nenhuma dúvida à tal Sede Nacional)", refere.
Na resposta, Pedro Gomes diz que as concelhias "tiveram já acesso aos cadernos eleitorais e, logo, ao número de delegados a eleger".
"Como é normal, foram notificados para proceder à regularização de lacunas e à verificação de identidade requerimentos de concelhias de todo o país e de várias sensibilidades políticas", respondeu ainda.
Ao fim de 18 anos em que as eleições foram sempre de lista única, a JS voltará a ter este ano uma disputa eleitoral para escolher o seu futuro líder, que vai suceder a Miguel Costa Matos.
O eurodeputado Bruno Gonçalves e a secretária nacional da JS Sofia Pereira são os nomes na corrida eleitoral cujo congresso está marcado para 13, 14 e 15 de dezembro.
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