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"Sempre disse que Montenegro era subestimado. 100 dias mostram isso"

O eurodeputado Sebastião Bugalho foi o entrevistado desta quarta-feira na 'Grande Entrevista', na RTP3.

"Sempre disse que Montenegro era subestimado. 100 dias mostram isso"
Notícias ao Minuto

23:28 - 10/07/24 por Notícias ao Minuto

Política Sebastião Bugalho

O eurodeputado Sebastião Bugalho foi o entrevistado desta quarta-feira na 'Grande Entrevista', programa emitido pela RTP3. Bugalho que foi cabeça de lista pela Aliança Democrática (AD) às eleições Europeias, foi questionado pela sua passagem de comentador até Bruxelas.

"Foi mais difícil do que estava à espera, mas sobreviveu-se. É uma experiência diferente, são objetivos diferentes", apontou, sublinhando que ambas eram experiências diferentes, mas se 'fundiam' no serviço público.

Sebastião Bugalho confessou que, durante a campanha, teve alguma atenção ao que era dito sobre si, mas que se concentrou no trabalho eleitoral que tinha pela frente. "Mantive uma relação saudável, mas à distância, com os meus ex-camaradas", afirmou, defendendo que houve uma maior exigência sobre si, devido à sua antiga carreira como jornalista.

"Conheciam-me melhor, tinham obrigação de saber quais eram as minhas lacunas. Por outro lado, talvez esperassem mais de mim. Encarei como um elogio. Encaro as dificuldades como motivação", defendeu.

Não quero ser [mais 'um' na política], nem creio que seja. Se fosse mais um na política, não serviria de muito".

Questionado sobre se resistiu à "tentação" de responder a algumas das críticas deixadas, Bugalho referiu que uma das tarefas "mais difíceis dos assessores" que faziam parte da candidatura da AD era "garantir que eu não respondia às perguntas todas. O meu instinto era responder, não é?", atirou, relembrando que esteve alguns anos a responder a perguntas do pivot. "Agora, vou ter que me continuar a afastar sorrateiramente", afirmou.

Questionado sobre a área para onde agora se 'virou', Bugalho foi assertivo quando perguntado sobre se não queria ser 'mais um' na política: "Não quero ser, nem creio que seja. Se fosse mais um na política, não serviria de muito".

O eurodeputado confessou ainda que foi bem "acolhido" na política, e que foi surpreendido em campanha pela "força democrática" dos portugueses. "Vi um um povo que talvez ainda não tenha esperança, mas tem esperança de voltar a ter esperança. Deu-me alento", garantiu.

"Há quase um pânico apocalíptico ou catastrofista em relação ao sistema democrático português, e aquilo que eu vi juntos dos portugueses foi uma enorme crença na democracia", relembrou, acrescentando: "A democracia não só ainda existe, como ainda é possível como fórmula de sucesso em Portugal".

Sempre disse que Montenegro era muito subestimado. Os primeiros 100 dias como primeiro-ministro mostram que foi subestimado enquanto líder da Oposição e primeiro-ministro

Durante a sua entrevista, Bugalho foi ainda questionado sobre erros de análise que possa ter cometido no seu tempo enquanto comentador. "António Costa surpreendeu-nos a todos com o facto de a Geringonça ir até ao fim, de cumprir os quatro anos, de respeitar as regras orçamentais, apesar das greves e cativações", referiu, sublinhando que o "Governo minoritário do Partido Socialista não vacilou. Foi uma surpresa e erro de análise que assumo com toda a felicidade".

Por outro lado, Bugalho respondeu também sobre qual a análise que terá feito melhor, apontando para o atual chefe de Governo, Luís Montenegro. "Sempre disse que  era muito subestimado. Os primeiros 100 dias de Montenegro como primeiro-ministro mostram que foi subestimado enquanto líder da Oposição e enquanto novo primeiro-ministro", referiu.

Ainda quanto ao seu percurso, Bugalho admitiu que televisão era um 'grande trampolim' para a política, e justificou: "Se olharmos para quem foi Presidente da República, para quem é Presidente da República, quem foi e é primeiro-ministro. todos eles passaram, de um modo, na televisão. Mas não devemos olhar para isso com preconceito".

O eurodeputado agradeceu ainda a José Manuel Durão Barroso, que se disponibilizou para falar com ele sobre temas europeus, como as questões migratórias, da saúde ou o alargamento. Considerando que o antigo presidente da Comissão Europeia era talvez "o português mais influente do planeta", deixou-lhe um agradecimento público, e sublinhou a "generosidade".

Bugalho sublinhou também que, apesar da vitória do Partido Socialista nas Europeias, continua crente de que o programa da AD era melhor, mas que os portugueses decidiram e sublinhou que a diferença que deu a vitória aos socialistas foi pouca. "Estava mais satisfeito se tivesse ganho, mas não estou insatisfeito por ter perdido de cabeça levantada", referiu.

E sobre as declarações de Lucília Gago?

Ainda quanto a um dos temas 'quentes' em cima da mesa por cá, Bugalho foi questionado sobre as declarações da Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, e apontou aquilo que achou mais relevante. "Não creio que seja responsável termos antigos ministros da República apelidarem de Golpe de Estado um processo judicial que está em curso, e que neste momento em está em segredo de justiça", afirmou, referindo-se às considerações do ex-ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

"Mas também me parece irresponsável olharmos para o Ministério Público como uma instituição que não erra, que é imune ao erro ou que não pode reconhecer os seus erros. Parece-me preocupante termos um procurador com a reputação de Rosário Teixeira a dizer que António Costa perde rótulo de suspeito porque não foi constituído arguido depois de ser ouvido e no mesmo espaço de dias, a Procuradora-Geral da República dizer que está tudo em aberto porque qualquer coisa pode acontecer. Nós num Estado de Direito não somos suspeitos até prova em contrário, somos inocentes até prova em contrário", atirou, considerando que hoje em dia ou se cria um ambiente em que "ou se puxa para um lado ou para o outro".

Bugalho defendeu que "não se deve nem legislar nem reformar a justiça ao sabor do vento e acontecimentos", sobretudo em relação a investigações que ainda estão em segredo de justiça.

"Julgo que pessoas que pessoas que têm reputação e responsabilidade públicas e foram ex-governantes não podem chamar golpe de Estado a uma investigação que desconhecem na íntegra - um dia podem acabar surpreendidos por algo", atirou, referindo-se ainda a Adão e Silva.

"Por outro lado, também me parece pouco correto inverter a prática do Estado de Direito e transformar presunção de inocência em presunção de suspeita. O que isso faz é com que passemos a estar todos em presunção de suspeita. Alguém estar a ser escutado durante quatro anos não tem sentido nenhum. Em qualquer país do mundo, isso seria considerado crime. Seria uma invasão total da privacidade e violação dos direitos", defendeu, recordando as escutas ao ex-ministro das Infraestruturas João Galamba.

Recorde-se que Sebastião Bugalho foi cabeça de lista pela AD, que conseguiu 31,1%, o que resultou na eleição de sete eurodeputados.

[Notícia atualizada às 23h55]

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