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Santos Silva fora da AR? "É uma derrota política e pessoal", admite

O ainda presidente da Assembleia da República falhou a reeleição como deputado pelo Partido Socialista no círculo de Fora da Europa.

Santos Silva fora da AR? "É uma derrota política e pessoal", admite
Notícias ao Minuto

22:54 - 20/03/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política Legislativas

Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, falhou a reeleição como deputado socialista pelo círculo de Fora da Europa, esta quarta-feira. "É uma derrota, evidentemente, política e pessoal", disse, em entrevista à SIC Notícias, argumentando que "em democracia, ganhamos e perdemos" e que "o círculo Fora da Europa é particularmente difícil para o Partido Socialista (PS)".

"Só uma vez antes de ser candidato o PS tinha conseguido eleger um deputado por Fora da Europa. Em 2019, decidimos fazer uma aposta muito forte, candidatando o então Ministro dos Negócios Estrangeiros, eu próprio", continuou, antes de comentar as posições do Chega - partido com o qual protagonizou momentos de tensão no Parlamento - nas últimas semanas.

"Cumpri as minhas obrigações como presidente da Assembleia da República. Em relação a qualquer grupo parlamentar e aos deputados, a minha conduta foi sempre a mesma: respeitar inteiramente os seus direitos e fazer valer o regimento", afirmou, reiterando que "nunca" retirou a palavra a nenhum orador, ainda que tivesse esse poder.

"Nunca cortei a palavra, fosse a quem fosse, embora o regimento me permitisse", vaticinou.

Recordando a visita oficial do presidente do Brasil, Lula da Silva, a Portugal, em que o Chega levou a cabo um protesto no Parlamento, Santos Silva disse que "um presidente da Assembleia da República que não interrompesse e não tentasse fazer valer a dignidade e a ordem democrática, não teria, na minha opinião, nenhumas condições".

Isto porque havia deputados a "insultarem o presidente de um país amigo que está na Assembleia a discursar, a convite da Assembleia, na presença do nosso Presidente [da República], do Corpo Diplomático, dos mais altos dignitários do Estado português, das Forças Armadas".

De seguida, o ainda presidente do Parlamento aproveitou para desmentir "a segunda mentira que corre aí," de que "tenha proibido um grupo parlamentar de participar nas viagens institucionais da Assembleia ao estrangeiro".

"Nunca fiz isso. Tirei foi uma consequência para as minhas próprias deslocações, em que me fazia acompanhar de uma comitiva pluripartidária de deputados, de deixar de levar comigo deputados que manifestavam tão ostensivo desprezo por regras de cordialidade e de relação entre Estados mínimas", rematou.

"Retomarei as minhas funções na Faculdade de Economia da Universidade do Porto"

Augusto Santos Silva também afirmou, na mesma entrevista, que se sentiria "mal" se depois de ter sido eleito em 2019 e 2022 por este círculo eleitoral, "agora, em que era previsível que o PS baixasse a votação", fosse 'acantonar-se' "num dos lugares inteiramente elegíveis, no círculo eleitoral onde vivo ou noutro qualquer".

Sobre o seu futuro político, não deixou dúvidas: "No mesmo dia em que a nova legislatura iniciar funções, retomarei as minhas funções na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde sou professor".

A atividade política "intensa" acompanha-o desde a adolescência, recordou. "Tenciono fazer isso enquanto a saúde me permitir", prometeu. Sobre uma eventual candidatura à Presidência da República, preferiu afirmar que "o tempo humano não é linear" e "o tempo política ainda o é menos".

"O tempo das presidenciais abrandou, é outra esfera. Estamos agora num tempo marcado pelas legislativas, pelas suas consequências, pelas próximas europeias. Haverá tempo para pensar noutros assuntos", acrescentou.

Eleitores do Chega? "Temos de respeitar"

Falou, ainda, sobre o facto de o país vir comemorar os 50 anos do 25 de Abril com um aumento do número de deputados do Chega no Parlamento. "Temos que respeitar os 18% ou 19% de eleitores que votaram no Chega e temos que respeitar, também, os 81% ou 82% de eleitores que votaram noutros partidos", reiterou, afirmando: "Haverá 50 deputados que, talvez, tenham questões com o 25 de Abril, mas haverá 180 deputados que estão confortáveis".

Santos Silva mostrou-se, no entanto, "inquieto", devido às "profundas divisões entre os portugueses". "As eleições mostram que o país se dividiu muito, do ponto de vista territorial, do ponto de vista geracional e também por género", alertou.

PSD e PS "saíram ambos enfraquecidos destas eleições", acrescentou, afirmando: "Não podemos deixar a oposição entregue às forças extremistas e, portanto, é essencial que o PS lidere a oposição. Como seria essencial que o PSD a liderasse, se tivesse sido o PS a ganhar, mas essa oposição tem de ser feita com muita responsabilidade e com muita prudência".

[Notícia atualizada às 23h27]

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