Num discurso numa sessão pública em Lisboa, que assinalou os dois anos do mandato autárquico da CDU na capital, Paulo Raimundo abordou a convocação de eleições legislativas antecipadas, para 10 de março, defendendo que "é hora de mudar de política".
"É hora de a política se colocar ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país e não, como até aqui tem acontecido, andar ao sabor dos interesses, dos lucros e da riqueza dos grupos económicos", defendeu.
O líder do PCP disse que se pode querer "pintar todos os cenários possíveis e imaginários" - numa alusão a uma eventual reconfiguração da 'geringonça', que nunca mencionou -, mas salientou que "os trabalhadores e o povo" sabem que o que vai determinar o dia a seguir às eleições "é a força e o número de deputados que o PCP e a CDU tiverem".
"Não nos peçam que alimentemos ilusões, não peçam que sejamos acessórios ou amparemos uma política que, nas suas opções de fundo, se coloca ao serviço dos tais 25 milhões de euros de lucros por dia" dos grupos económicos, afirmou.
Destacando que as eleições "são uma oportunidade para melhorar a vida de cada um", Paulo Raimundo considerou que está a tentar ser imposta "uma narrativa velha, apresentada agora como nova".
"Querem recuperar a mistificação da eleição para primeiro-ministro, esse mito que ainda há bem pouco tempo ruiu, como não podia deixar de ruir", disse.
O secretário-geral comunista criticou também o que designou como "operação sondagens", que aponta "desde já vencedores e perdedores antecipados, procurando condicionar as legítimas opções individuais" da população.
"Conhecemos bem o que isso é e o que se pretende. Mas também sabemos, e é preciso lembrar, que essa operação falhou redondamente há pouco mais de um mês durante as eleições [legislativas regionais] na Madeira", disse.
Segundo Paulo Raimundo, nessas eleições, em setembro, apesar de se afirmar que a CDU iria desaparecer, "o povo da Madeira mostrou que quem decide é o povo, e a realidade foi outra".
"A CDU cresceu, reforçámos com mais votos e mais percentagem, ficámos mais perto de eleger o segundo deputado regional. Esta é que é a verdade", disse.
Por outro lado, o dirigente do PCP considerou também que, no atual debate pré-eleitoral, está a tentar ser uma imposta uma "falsa bipolarização", que caracteriza as eleições como sendo "entre esquerda e direita, procurando reduzir-se à forma e descartando por completo o que é central, que é a questão do conteúdo".
"É verdade que vamos ter uma disputa eleitoral bipolarizada, mas uma bipolarização, isso sim, entre a política ao serviço dos grupos económicos e a alternativa para os trabalhadores, para o povo e para o país", disse.
Paulo Raimundo referiu que, nessa bipolarização, "não há nenhuma dúvida" que o PCP e a CDU estão do lado "da alternativa de esquerda que coloca os trabalhadores e o povo no centro da sua ação, a alternativa de Abril e da Constituição da República".
"Do outro lado, estão todos os outros que, para lá das diferenças objetivas que têm e dos diferentes salvadores e profetas que apresentem, estão, como demonstra a sua prática diária e os seus compromissos, alinhados e ao serviços dos interesses dos grupos económicos", referiu, sem nunca referir o nome de qualquer partido em concreto.
O líder do PCP reforçou que, neste contexto, "é determinante o reforço da CDU e do PCP também na Assembleia da República".
"Hoje há cada vez mais gente que já percebeu que, quando o PCP e a CDU avançam, isso contribui de forma decisiva para que a vida de cada um avance, melhore e para que a cidade e o país avancem", sustentou.
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