Rui Tavares vaticina "fim da linha para ideologia imperial russa"

O líder do partido Livre explicou que "na ideologia imperialista russa, a Rússia sem a Bielorrússia e a Ucrânia não é verdadeiramente um império".

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Ema Gil Pires
28/06/2023 09:53 ‧ 28/06/2023 por Ema Gil Pires

Política

Livre

O dirigente do Livre, Rui Tavares, considerou que o mundo está a presenciar uma "espécie de fim da linha para a ideologia imperial russa" e de "fim de ciclo", tal "como já aconteceu noutras fases da história". Isto "independentemente dos episódios" registados em território russo nos últimos tempos, como a rebelião comandada pelo líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

O deputado único do partido, que é também historiador, ofereceu na tarde de terça-feira, em declarações proferidas na CNN Portugal, um enquadramento histórico sobre a evolução das relações entre a Rússia, Ucrânia e Bielorrússia.

"A Rússia, a Bielorrússia e a Ucrânia, mesmo durante a União Soviética, eram entendidas como três entidades relativamente autónomas: Tanto a Bielorrússia e a Ucrânia tinham voto nas Nações Unidas, e foram membros das Nações Unidas até antes de Portugal. Havia a manutenção desta ficção de que a Bielorrússia e a Ucrânia eram Estados conceptualmente independentes", explicou Rui Tavares, sobre o tema.

Porém, essa dinâmica alterou-se, entretanto, sendo atualmente um pouco a "contrária". Neste momento, elaborou o líder do Livre, existe "a ficção de que Rússia e Bielorrússia são o mesmo Estado", ainda que o chefe de Estado bielorrusso, Aleksandr Lukashenko, tenha "sempre tentado resistir a esta absorção, e Vladimir Putin [presidente da Rússia] tentado forçar".

Rui Tavares continuou dizendo que, "durante bastante tempo", Vladimir Putin "andou a fazer alguma pressão para que pudesse haver uma espécie de reunificação entre a Rússia e a Bielorrússia". O que se conseguiu, ainda assim, foi uma espécie de "estado de união" entre os dois países - uma "construção que pouco mais tem do que jurídica". Contas feitas, "a Bielorrússia atual, com Lukashenko [na liderança], é um Estado satélite da Rússia, para todos os efeitos".

Sobre as razões na base desta narrativa, Rui Tavares elucidou: "na ideologia imperialista russa, a Rússia sem a Bielorrússia e a Ucrânia não é verdadeiramente um império. Aquelas duas peças são absolutamente fundamentais".

Apesar destas intenções russas, as 'vontades' demonstradas pelas lideranças ucranianas têm sido inteiramente diferentes. "A Ucrânia manifestou várias vezes, em 2004 e em 2014, a sua vontade de seguir uma via independente. E esse é, segundo o ponto de vista de Putin, o seu pecado original", referiu também.

Esses desejos de independência (e de manutenção da mesma) não são bem-vistos por Moscovo - tal como nos mostra a invasão da Ucrânia e os argumentos usados para justificá-la -, como argumentou ainda Rui Tavares. "A Ucrânia querer seguir uma via independente é, normalmente, traduzido, em termos nacionalistas russos, como a Ucrânia ser antirrussa".

A guerra na Ucrânia, que se iniciou a 24 de fevereiro do ano passado, continua sem dar tréguas às populações e combatentes de Kyiv, tendo tirado a vida a mais de 10 mil civis e ferido quase 15 mil, segundo o último balanço oficial das autoridades do país.

Leia Também: Rebelião? "Putin fez isto ao seu país e a si mesmo", diz Rui Tavares

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