O líder e deputado da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, respondeu esta terça-feira à sugestão de uma alternativa governativa no centro-direita, que tem sido discutida nos últimos dias após as declarações de Luís Montenegro sobre o Chega, garantindo que os liberais estão prontos para governar o país.
Em entrevista à CNN Portugal, Rui Rocha reiterou que "a IL tem sido muito clara sobre com quem faz entendimentos e com quem não faz" e, analisando a "clarificação, quer por parte do Presidente da República, quer por parte do PSD", apontou que a IL é "claramente parte de uma solução a uma alternativa a António Costa".
As declarações do presidente do partido liberal surgem depois de Luís Montenegro ter dito, na passada sexta-feira, também à CNN, que o PSD não fará coligações com "políticos racistas nem xenófobos, nem oportunistas nem populistas", respondendo assim a Marcelo Rebelo de Sousa, que pretendia uma clarificação sobre a posição dos sociais-democratas sobre o Chega.
Montenegro não mencionou especificamente o partido de extrema-direita, liderado por André Ventura. Mas a sua reação foi aplaudida junto do PSD, e o líder da oposição esteve esta terça-feira reunido em Belém, com Marcelo, reafirmando depois aos jornalistas um diagnóstico negativo ao Governo do Partido Socialista.
Na quarta-feira, é a vez de André Ventura reunir com o chefe de Estado, sendo que em cima da mesa está a questão da despenalização da morte medicamente assistida.
Para Rui Rocha e a IL, uma solução com os liberais não é uma "mera alternância", garantindo que "fazendo a IL parte desta solução, transformará e contribuirá decisivamente para mudar o país".
"O país está estagnado, as soluções governativas do PS estão esgotadas e, portanto, temos agora de construir uma verdadeira alternativa, centrada no crescimento económico, na transformação do país, na mobilidade social, e a IL é um partido com coragem, com assertividade, é fundamental para que essa solução aconteça e que aconteça mais rápido do que tarde", salientou o deputado liberal.
Rocha deixou claro, no entanto, que não está em cima da mesa uma coligação pré-eleitoral de centro-direita com o PSD, prendendo-se às propostas decididas na última convenção do partido.
"Os atos eleitorais, as eleições legislativas, são atos a que a IL se apresentará autonomamente, sozinha, com listas próprias porque queremos apresentar ao país as nossas soluções", disse, deixando um entendimento com Luís Montenegro para depois das legislativas - quer estas surjam em 2026, ou antes -, admitindo ainda uma "proximidade" no diagnóstico que ambos os partidos fazem do país.
"Olhamos para a situação do país, para a degradação social, para a estagnação económica, para a degradação dos serviços públicos. Os portugueses hoje levantam-se e não sabem se têm transportes públicos para chegar ao trabalho; se têm escola aberta para os seus filhos; se tiverem um episódio de urgência não sabem se têm um hospital disponível para tratarem dos seus problemas de saúde. Creio que há alguma convergência sobre o estado a que Portugal chegou, um diagnóstico negativo sobre a governação do PS", vincou.
Rui Rocha aproveitou ainda para destacar que o crescimento do partido do ponto de vista mediático e, questionado sobre a competência da IL, o líder liberal - eleito para Comissão Executiva em janeiro - destacou a atenção sobre o deputado Bernardo Blanco, que tem estado presente nas audições parlamentares à TAP.
"A IL tem quadros de muita valia que podem participar nessa transformação do país", apontou.
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