O presidente do Partido Social-Democrata teve esta terça-feira uma audiência com o Presidente da República e, à saída da reunião, Luís Montenegro disse que admitiu a sua "apreensão" com o estado da economia, acusando o Governo de falta de compreensão sobre a vida dos portugueses.

Montenegro, que saiu do Palácio de Belém sem responder às perguntas dos jornalistas para continuar a sua campanha partidária, argumentou que "vivemos em dois países", criticando que uma das realidades seja "o país dos PowerPoints, das festas e dos anúncios do Governo, que se vão repetindo a cada mês".

O outro, explica é o da "vida quotidiana, da vida real, da rotina de muitas e muitos milhares de portugueses que, todos os dias, enfrentam as dificuldades de não terem dinheiro para fazer face às suas despesas elementares".

"Que todos os dias querem ir a um centro de saúde e não têm um médico de família, que querem ir a um serviço de emergência e muitas vezes o encontram encerrado ou estão mais de uma dezena de horas à espera para serem atendidos; que têm filhos ou netos em escolas onde não há professores a algumas disciplinas; que têm grandes dificuldades em pagar a prestação da casa ou em arrendar casa. Há, portanto, um país que tem esta grande dificuldade entre aquilo que é a mensagem do Governo, o entusiasmo, até alguma euforia nos anúncios, nas obras grandiosas do Plano de Recuperação e Resiliência, e aquilo que são as agruras da vida quotidiana das famílias portuguesas", afirmou o líder do PSD.

Montenegro acrescentou que transmitiu a Marcelo que se encontra "apreensivo", afirmando que "o Governo não está a compreender a real situação em que muitos portugueses vivem" e que o país "está numa rota de empobrecimento e, por via desse empobrecimento, tem um nível salarial muito baixo e vê muitos daqueles que são os mais qualificados da sociedade, nomeadamente dos mais jovens, a irem em busca de uma oportunidade no estrangeiro".

A reunião com Marcelo Rebelo de Sousa foi pedida pelo próprio Luís Montenegro, segundo informou uma nota no site da Presidência.

O líder social-democrata aproveitou ainda para mencionar as eleições europeias, cuja data continua por marcar entre os Estados-membros. As eleições são, normalmente, no final de maio ou início de junho, e realizam-se em simultâneo por toda a União Europeia, mas o Governo tem procurado negociar com Bruxelas para que a votação não ocorra no dia 9 de junho de 2024.

Luís Montenegro manifestou a sua preocupação com essa hipótese, já que, a confirmar-se, implicaria que a eleição ficaria colada ao dia 10 de junho (segunda-feira e feriado do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas), além dos Santos Populares que arrancam na semana seguinte.

"Se as eleições europeias foram no dia 9 de junho, vamos apresentar uma 'via verde' para uma abstenção histórica nessa importante eleição. Trata-se da véspera do feriado do Dia de Portugal e trata-se de uma semana em que vários concelhos do país, a começar pela capital, Lisboa, onde há dois feriados: na segunda-feira, dia 10, e depois no dia 13 de junho", disse, fazendo referência ao Dia de Santo António.

Montenegro sugeriu ao Governo que procure a alteração da data das eleições "no dia 26 de maio, 2 de junho, ou até 16 de junho se for o caso". "Ou, então, que se abra a possibilidade de haver, no ato eleitoral das eleições europeias, uma data alternativa, isto é, que possa ocorrer em dois dias diferentes".

Segundo explicou o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, num debate na semana passada, as eleições realizam-se "no mesmo fim de semana em que foram realizadas as primeiras, em 1979, o que, em 2024, corresponde ao período entre 6 e 9 de junho".

[Notícia atualizada às 16h27]

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