Deu entrada no Parlamento, na quinta-feira, um projeto de resolução do Bloco de Esquerda, que "recomenda ao Governo o fim dos apoios e lucros perversos no âmbito do comércio de carbono".
No documento, os bloquistas pedem ao Governo que "rejeite a perversidade do mecanismo de apoio às empresas de uso intensivo de energia por custos indiretos de carbono", pedindo, em sentido contrário, que "aplique essas verbas no combate à pobreza energética e a programas de eficiência a edifícios" e que "abandone mecanismos de comércio de carbono que permitam avultados lucros perversos e que na verdade são um entrave à descarbonização da sociedade".
O Bloco especifica ainda, acusando os mecanismos de permitir "medidas de compensação para abater nas suas emissões", bem como tornar possível para as empresas vender "licenças que lhes foram atribuídas gratuitamente", ou "a repassagem dos custos associados às licenças de emissão de emissões - obtidas gratuitamente - para o preço dos produtos pago pelos consumidores".
Na mesma missiva, os bloquistas pedem ainda ao Executivo que "garanta a criação e efetivação da contribuição especial para a conservação dos recursos florestais nos prazos definidos pelo Orçamento do Estado para 2023".
Para justificar as suas exigências, o Bloco de Esquerda argumenta que "Portugal oferece condições únicas na Europa e mesmo no mundo para a indústria da celulose já que organizou grande parte do seu território para a produção intensiva de eucalipto". Organização esta que "contribuiu para o despovoamento do interior e de áreas rurais e colocou um maior risco de incêndio sobre as populações que vivem junto a áreas florestais, agora agravados com os efeitos das alterações climáticas".
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