"Sobre o que o Governo anunciou não se sabe como, para quê nem quem paga. Sabe-se muito pouco. Primeiro é tentar respostas às perguntas básicas. Neste momento há muito mais perguntas do que respostas", considerou Catarina Martins quando questionada pelos jornalistas sobre o acordo alcançado entre Portugal, Espanha e França para acelerar as interconexões ibéricas.
Na opinião da coordenadora do BE, "para lá do debate entre PS e PSD" sobre este tema, que "fazem de conta que são oposição um ao outro no que nunca foram", o que é necessário é "uma resposta urgente para os preços da energia no país".
"Porque quem trabalha, quem vive do seu salário, da sua pensão, não aguenta mais este aumento e não é aceitável que empresas como a Galp tenham os lucros que têm enquanto os preços permanecem absolutamente descontrolados", criticou.
Para Catarina Martins, "na resposta à crise há sempre duas possibilidades".
"Ou se diz que fica tudo na mesma e quem vive do seu trabalho, do seu salário, da sua pensão paga a crise ou há a coragem para enfrentar grandes interesses económicos e se controlam preços, se atualizam salários e pensões e não se deixa que haja lucros excessivos para que seja possível a vida de todas as outras pessoas", sustentou.
A "escolha do PS como a escolha da direita", prosseguiu a líder bloquista, "tem sido que cada vez que há uma crise nunca se mexe nos interesses económicos e deixa-se quem vive do seu salário e da sua pensão viver cada vez pior".
"A nossa escolha é outra e é por ela que lutamos. É necessário baixar o IVA da eletricidade e do gás, mas é preciso também desencorajar a especulação de preços e isso faz-se taxando os lucros excessivos do setor energético e também fixando margens e controlo de preços neste setor como noutros de bens essenciais", sintetizou.
O primeiro-ministro manifestou-se hoje perplexo com as críticas do PSD ao princípio de acordo entre Portugal, Espanha e França para as interconexões energéticas e acusou o dirigente social-democrata Paulo Rangel de nada perceber do assunto.
Depois das duras críticas feitas no sábado a este acordo e aos avisos de que vai prejudicar Portugal, o vice-presidente do PSD Paulo Rangel voltou ao tema no domingo e o partido requereu um debate parlamentar de urgência para o qual espera a presença de António Costa.
O presidente da Assembleia da República marcou para terça-feira uma reunião extraordinária da conferência de líderes para debater o pedido do PSD de marcação de um debate de urgência sobre o "Acordo de interconexões ibéricas de energia".
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