"Sim, estamos prontos para governar, porque raio é que não haveríamos de estar prontos para governar, este país também é nosso", afirmou Rui Tavares num comício no Teatro Thalia, em Lisboa.
Num discurso de cerca de 40 minutos, o dirigente do Livre salientou que o partido não está disposto a governar a qualquer preço e não faz depender a governação de "uma conversinha com um objetivo indefinido sobre a Spinumviva", empresa da família do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
"Nós dizemos mesmo que qualquer primeiro-ministro de um governo apoiado pelo Livre, qualquer primeiro-ministro de um governo que o Livre apoie e qualquer primeiro-ministro do Livre não terá uma empresa como a Spinumviva, porque ou fecha ou vende, ou põe numa gestão profissional independente, não é difícil de entender", frisou.
Perante uma sala lotada, e depois de ter anunciado pela primeira vez esta noite que queria duplicar o grupo parlamentar, Rui Tavares sublinhou que uma consultora, referindo-se à Spinumviva, não é uma retrosaria, nem uma padaria.
Segundo o dirigente do Livre, Luís Montenegro sabe bem disso, mas quer "arrastar o país para as suas confusões".
"Com o Livre não há cá dessas confusões, essas confusões têm de acabar", advertiu.
Rui Tavares considerou que governar significa reforçar e não privatizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), investir na habitação e na educação e fazer o que disse que nunca foi feito à esquerda em Portugal, que é colocar as questões europeias e internacionais num programa de governo.
"É exatamente o contrário do que aconteceu em 2015 e que, por causa do medo e do tabu de discutir a Europa, a Europa ficou de fora das questões da `geringonça´, alertou.
Enquanto na sala se ouvia "presente, futuro e Livre, Livre, Livre" entre os presentes, Rui Tavares destacou que num governo com o Livre os ministros devem, antes de assumir funções, ir a uma comissão parlamentar aberta ao público e à imprensa para que eventuais conflitos de interesses sejam detetados no início.
Rui Tavares garantiu que o objetivo não é dar para o peditório do "são todos malandros e são todos iguais", mas sim evitar passar mandatos "à cata do próximo escândalo".
"Se não têm estaleca para se aguentar numa audição parlamentar no início, significa que não têm estaleca para se aguentar um mandato inteiro", salientou.
Nas últimas eleições legislativas, o Livre conseguiu 72.102 votos no distrito de Lisboa, elegendo dois deputados por este círculo eleitoral -- Rui Tavares e Isabel Mendes Lopes.
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