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Abusos? BE quer "todos os órgãos de soberania" com posição clara

A coordenadora do BE defendeu hoje que "todos os órgãos de soberania" têm de ter uma posição clara de valorização das vítimas de abusos sexuais de menores na Igreja Católica e exigir que os crimes "não fiquem impunes".

Abusos? BE quer "todos os órgãos de soberania" com posição clara
Notícias ao Minuto

13:25 - 12/10/22 por Lusa

Política Igreja Católica

Em declarações aos jornalistas, no final de uma audiência com o Presidente da República sobre o Orçamento do Estado para 2023, Catarina Martins salientou que o partido fez questão de trazer este tema a Belém, um dia depois de declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o tema que causaram polémica e críticas partidárias de que estaria a desvalorizar as vítimas.

"Expressámos ao senhor Presidente da República a nossa preocupação com os casos de abuso sexual na Igreja Católica em Portugal. Achamos que a comissão tem feito um bom trabalho e que é preciso agradecer a cada uma das vítimas a enorme coragem para denunciar abusos que ocorreram ao longo de anos", afirmou.

A líder do BE defendeu ser fundamental que "todos os órgãos de soberania tenham uma posição de apoio às vítimas, de valorização dos seus testemunhos e uma exigência para que tenha consequência, e uma consequência clara, tanto o crime de abuso como quem ocultou e, com a sua ocultação, permitiu que os abusos se prolongassem".

Questionada se o BE exige que o chefe de Estado peça desculpas pelas declarações que proferiu, Catarina Martins respondeu: "As vítimas precisam de justiça e não devem nunca ser desvalorizadas, o Presidente da República fará o que entender, mas achámos que hoje não podíamos deixar de dizer isto mesmo ao senhor Presidente".

À pergunta se as explicações depois dadas por Marcelo Rebelo de Sousa para clarificar as declarações iniciais não foram suficientes, a líder do BE deu a entender que não.

"Se achássemos que as declarações do senhor Presidente da República tivessem valorizado as vítimas e sido capaz de um agradecimento pela sua coragem, se achássemos que tinha ficado claro, não tínhamos trazido o tema à reunião", disse.

Catarina Martins reiterou a importância de "todos os órgãos de soberania" serem "absolutamente claros" em Portugal sobre este tema.

"As vítimas merecem que haja um país absolutamente determinado em que os crimes tenham consequências e a ocultação também não seja desculpada", defendeu.

Na terça-feira, questionado sobre a recolha de 424 testemunhos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da República afirmou não estar surpreendido, salientou que "não há limite de tempo para estas queixas" que têm estado a ser recolhidas, algumas relativas "há 60 ou há 70 ou há 80 anos".

"Significa que estamos perante um universo de pessoas que se relacionou com a Igreja Católica de milhões ou muitas centenas de milhares", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo: "Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado, porque noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos".

Face às críticas que estas declarações suscitaram, o chefe de Estado divulgou uma nota na qual afirma que "este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo mundo", admitindo que "terá havido também números muito superiores em Portugal".

Depois, o Presidente da República falou para a RTP e para a SIC a reforçar a mesma mensagem, reiterando que 424 queixas lhe parece um número "curto", declarando que aceita democraticamente as críticas que recebeu, mas não as compreende.

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