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E os partidos, o que têm a dizer sobre o plano de desconfinamento?

Após a apresentação do plano de desconfinamento feita pelo primeiro-ministro, os partidos com assento parlamentar estão, esta sexta-feira, a reagir ao documento, apontando desde já algumas lacunas.

E os partidos, o que têm a dizer sobre o plano de desconfinamento?
Notícias ao Minuto

14:00 - 12/03/21 por Ana Lemos com Lusa

Política Pandemia

Os portugueses ficaram a conhecer, na noite desta quinta-feira, o tão aguardado plano de desconfinamento que, tal como se previa, será executado "com cautela" e "a conta-gotas", arrancando já no próximo dia 15 de março com a reabertura de creches, pré-escolar, cabeleireiros e livrarias, mas prolongando-se até 3 de maio. 

António Costa sublinhou, porém, que com este plano de reabertura "o que vai acontecer a partir de agora depende de todos nós" e da forma como se conseguir manter "a disciplina", prevendo por isso alterações se a evolução da situação da pandemia piorar.

Após a apresentação do primeiro-ministro, hoje os partidos com assento parlamentar estão comentar o plano do Governo. Saiba o que disseram e as críticas que apontam.

BE exige "testar em massa", "rastrear com recursos" e acelerar vacinação

Coube ao líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, comentar o documento, começando por defender desde logo a necessidade "testar em massa", "rastrear com recursos" e acelerar a vacinação, para que o desconfinamento decorra em segurança.

"É necessário que, para lá do plano [de reabertura], a execução esteja à altura das necessidades do país. (...) Rastrear com recursos suficientes não pode ficar no papel. Já há vários meses que o Governo diz que pretende ter uma capacidade de rastreio alargada, mas esse rastreio não tem acompanhado a situação", lamentou o bloquista, nos Passos Perdidos do Parlamento.

Desejando, neste sentido, um "Governo mais rápido a agir", Pedro Filipe Soares destacou também que "há apoios sociais e económicos que desde janeiro foram anunciados e não saíram do papel".

PCP discorda do plano e defende abertura total das escolas

Mais crítico, o PCP, pela voz de Jorge Pires, da comissão política do partido, considera que o plano é "conservador" e que o Governo deveria "ter ido mais longe", nomeadamente com a reabertura total das escolas e do pequeno comércio.

As medidas anunciadas pelo primeiro-ministro vão "acentuar a crise económica e social, com o aumento do desemprego, o encerramento de milhares de micro, pequenas e médias empresas (MPME) e o agravamento do empobrecimento e das desigualdades", afirmou o comunista.

Além disso, Jorge Pires deu o exemplo das escolas, que deveriam reabrir em todos os graus de ensino: "É preciso abrir as escolas, tomando as medidas de contenção necessárias, como a redução do número de alunos por turma e a contratação de mais professores e assistentes operacionais".

E, "mais do que apoiar com pouco mais de 400 euros os artistas", "é fundamental investir nas condições necessárias para abrir em segurança as portas dos teatros, das casas de cultura e da atividade cultural em geral", rematou.

Governo "tem de ser consequente". Não pode haver "só um powerpoint"

"Aquilo que 'Os Verdes' reafirmam é que fazer um plano não é a dificuldade, passá-lo para o papel não é a dificuldade. A dificuldade está em ser consequente com as medidas que estão neste plano", declarou Mariana Silva, do Partido Ecologista 'Os Verdes', vincado que "não pode haver só um 'powerpoint' e meia dúzia de frases, para que as pessoas compreendam o que é que está em causa".

Mariana Silva apontou ainda que o Executivo terá que "fazer o que anda a prometer há já algum tempo", nomeadamente a vacinação, a testagem massiva e os rastreios, para "não perder de vista os infetados". "Depois, é necessário também reforçar os transportes públicos, porque com neste desconfinamento as pessoas vão procurar os transportes públicos e não podemos voltar ao que era, por isso temos que ampliar a oferta", alertou.

Desconfinamento é "positivo" mas PAN aponta duas falhas

O porta-voz do PAN, André Silva, considera o plano de desconfinamento "positivo", mas lamenta a falta de testagem e a "ausência de preocupação" do primeiro-ministro, António Costa, com o possível foco de contágio dos transportes públicos.

"Consideramos positivo o facto de o nível de desconfinamento ser adequado à evolução da situação epidemiológica e ser avaliado de 15 em 15 dias, como tínhamos solicitado", mas "há preocupações relativamente à abertura das escolas - pré-escolar e 1.º ciclo".

"Como tínhamos vindo a defender, é muito preocupante não haver uma testagem massiva daqueles que são os agentes educativos, escolares, porque isso será fundamental. Parece que o Governo não aprendeu com os erros do passado" e, acrescentou André Silva, houve uma "ausência de preocupação no discurso de António Costa relativamente aos transportes públicos, inclusivamente até desvalorizou essa matéria".

Plano "privilegia velocidade à razoabilidade", diz CDS

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, defende que o plano de desconfinamento apresentado pelo Governo "privilegia velocidade à razoabilidade" e "deveria obedecer a critérios de prudência e gradualismo".

"O Reino Unido apresentou um plano de desconfinamento, sendo que lá a vacinação está muito mais avançada e a testagem muito mais massificada, e o calendário é muito mais espaçado para as diferentes atividades, portanto é mais cauteloso e prudente do que aquele que foi apresentado pelo Governo", afirmou o líder centrista.

O presidente do CDS-PP apontou três críticas ao plano, entre as quais o facto de creches, pré-escolar e escolas do primeiro ciclo reabrirem "quando ainda não está preparada e implementada no terreno uma estratégia de testagem de profissionais docentes e não docentes".

Além disso, é "completamente omisso face ao controlo sanitário que é preciso que exista nas fronteiras" e "deveria obedecer a critérios de prudência e gradualismo que neste momento não estão ainda verificados".

Chega critica plano de desconfinamento "longo e confuso"
 
O presidente do Chega classifica o plano de desconfinamento como demasiado faseado e gerador de "insegurança" e "intranquilidade" e sugeriu existir dessintonia entre primeiro-ministro e Presidente da República.

"Governo falhou na missão de dar clareza a este desconfinamento. Aliás, o facto de o Presidente não querer ter voz ativa neste plano, ao contrário de todos os outros, é bem sintomático, não só do descrédito deste plano como da desconfiança que o próprio Presidente tem em relação a esta estratégia. O Chega tem exatamente a mesma desconfiança. Este é um plano difícil de compreender e que gera intranquilidade e insegurança", disse André Ventura.

PSD concorda, mas seria mais "prudente" com as escolas

O presidente do PSD considera que o plano de desconfinamento tem "as balizas certas" e segue uma metodologia defendida pelos sociais-democratas, mas "relativamente à decisão em concreto para segunda-feira, teria sido um pouco mais prudente na questão das escolas".

"Não teria incluído já o 1.º ciclo. Atrasaria por 15 dias a abertura", afirmou Rui Rio, vincando ainda que a metodologia agora adotada pelo Governo "já deveria ter sido adotada há mais tempo, mas é melhor agora que nunca"

[Notícia em atualização]

Leia Também: Tudo sobre como desconfinar. Datas e medidas do plano a "conta-gotas"

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