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Presidenciais: Ventura recebe apoio de luso-venezuelanos fãs de Soares

O candidato presidencial do Chega recebeu o apoio de um casal sexagenário luso-venezuelano de Vila Nova de Gaia, que enfrentou a fria noite de segunda-feira para ir ao inovador comício automóvel ("drive-in").

Presidenciais: Ventura recebe apoio de luso-venezuelanos fãs de Soares
Notícias ao Minuto

10:57 - 19/01/21 por Lusa

Política Eleições

Em plena terceira vaga da pandemia de covid-19, juntaram-se cerca de 150 carros, respeitando assim as regras sanitárias. Mais de 300 pessoas empunharam bandeiras do Chega, abrigadas do vento, maresia (87% humidade) e dos 6.° graus do maior evento da campanha até agora, superando as iniciativas de Santarém e Guimarães.

Na praia do Aterro, com a traseira do seu automóvel cinzento virada para a refinaria de Matosinhos e os faróis apontados ao camião-palco estacionado imediatamente antes do areal, estava Manuel Soares, 67 anos, e a mulher, de 64, orgulhosamente com a bandeira da Republica Bolivariana da Venezuela ostentada no capô.

Para o militante que veio de Sandim, o partido da extrema-direita parlamentar, o Chega, não é radical, xenófobo, racista ou fascista.

"O André Ventura é uma pessoa verdadeira, pura, que diz o que sente. Ele vê que isto tem que mudar porque há muitos portugueses a trabalhar e outros a viver à custa de quem mais faz. Ele é a pessoa ideal para pôr isto equilibrado, com todos a viver bem e não só alguns", disse à Agência Lusa.

O antigo serralheiro regressou a Portugal em 1983, após 30 anos emigrado no país sul-americano porque "este cantinho é mais tranquilo para viver".

"A vida lá era muito boa nos anos 70 e 80, agora é complicado. Já não vivi o atual regime do Chávez e do Maduro, mas por aquilo que sei - tenho lá muitos familiares - tem sido um caos, uma desgraça. Aquilo é um grande país, é preciso é ter governantes à altura", afirmou.

O atual empresário da distribuição de papel votou "sempre pela democracia, na AD [Ação Democrática, partido social-democrata venezuelano, que integrou a Internacional Socialista em 1976], sempre no Carlos Andrés Perez, um grande Presidente".

Andrés Perez dirigiu a Venezuela entre 1974 a 1979 e 1989 e 1993 e foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal. Mantinha forte ligação ao histórico líder socialista espanhol Felipe González, que esteve no poder entre 1982 e 1996.

"Dos políticos do antigamente, gostei muito do dr. Mário Soares, mas eu costumo votar nas ideias, não nas pessoas. Já votei no PS e no PSD. Agora, sou militante do Chega", revelou.

Na intervenção que antecedeu o líder nacional-populista, o presidente da distrital do Porto do Chega quis equiparar o candidato ao Palácio de Belém ao "general sem medo", Humberto Delgado, reiterando que "a imprensa, impiedosa", o ostraciza e crucifica.

"Olhem para a Venezuela, para a Coreia [do Norte] e percebam o quanto é fácil ser socialista em países que não são socialistas. Começamos a sentir, de perto, o que é o socialismo em Portugal, começamos a ser vítimas de ataques completamente pidescos, uma imprensa que já não é livre, devassa da vida privada, uma grande vergonha", continuou Lourenço.

As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal em 24 de janeiro, a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro.

"Meus caros, habituem-se porque o André Ventura é o nosso general Humberto Delgado -- um homem sem medo, feito da mesma massa -, que enfrenta o sistema político, corrupto, nefasto e completamente obsoleto, onde o 'ex-libris' é Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente do sistema, do PSD, PS, CDS. Um homem que viveu o sistema, cresceu no sistema e que alimenta o sistema", criticou o líder da influente e numerosa distrital do Grande Porto.

O militar da Força Aérea que deu nome ao Aeroporto Internacional de Lisboa foi assassinado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) em Espanha em 1965, após exílios no Brasil e em Itália, por ter protagonizado a candidatura presidencial de 1958 de oposição ao regime fascista do Estado Novo, 16 anos antes da "Revolução dos Cravos" de 25 de Abril de 1974.

Mas, a única oposição mais organizada ao regime fascista de Salazar, o PCP, chamava-lhe "general Coca-Cola" por suspeitar de que Delgado estivesse ao serviço da norte-americana Agência Central de Inteligência (CIA).

O oficial participou no golpe militar de 28 de maio de 1926, que derrubou a República Parlamentar e implantou a ditadura. Em 1933, foi então instaurado o regime do Estado Novo, tendo Delgado assumido publicamente a sua simpatia pelo nazi Adolf Hitler, já na década de 1940.

Destacado como adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e posteriormente chefe da missão militar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), entre 1952 e 1957, Delgado mudou radicalmente as suas ideias e congregou os oposicionistas a Salazar no ano seguinte.

No sufrágio presidencial do próximo domingo há outros seis candidatos, além do presidente do partido da extrema-direita parlamentar.

O incumbente Marcelo (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e "Os Verdes"), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva ("Tino de Rans", presidente do RIR - Reagir, Incluir, Reciclar).

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