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Paulo Rangel critica estilo "um pouco imperial" de Macron

O eurodeputado português Paulo Rangel criticou hoje o estilo "um pouco imperial" do presidente francês, considerando que não é forma de estar na Europa.

Paulo Rangel critica estilo "um pouco imperial" de Macron
Notícias ao Minuto

14:54 - 28/10/19 por Lusa

Política Paulo Rangel

Em declarações à Lusa, o vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), o maior grupo político da assembleia europeia, considerou que a rejeição pelo Parlamento Europeu de Sylvie Goulard, comissária indigitada pela França, seja interpretada como uma vingança contra o presidente francês.

Paulo Rangel refutou a teoria de que a rejeição de Sylvie Goulard tenha resultado de uma vingança da sua família política contra o papel que Emmanuel Macron desempenhou na 'morte' do 'Spitzenkandidaten', processo segundo o qual o presidente da Comissão Europeia é escolhido entre os candidatos apresentados pelas principais famílias políticas europeias.

"Não estou a dizer que não houvesse no PPE pessoas que até tinham uma ideia [de 'chumbar' Goulard] não tanto por causa da comissária, mas pela questão do Manfred Weber [candidato daquele grupo] e por Macron não ter querido que ele fosse presidente da Comissão. Havia alguns deputados do PPE que podiam pensar nisso", concedeu, contrapondo, no entanto, que reduzir a questão da rejeição da candidata francesa a uma 'vingança' é "totalmente desajustado".

O eurodeputado do PSD recordou que, por razões de idoneidade, o candidato húngaro, László Trócsányi (Vizinhança e Alargamento), e a romena, Rovana Plumb (Transportes), foram vetados pela comissão parlamentar de Assuntos Jurídicos e defendeu que a França, "com problemas mais claros", não podia beneficiar de um duplo padrão de moralidade.

"No caso da senhora Goulard, houve uma primeira audição, houve perguntas escritas, houve um processo de conversações para ver se se evitava uma situação destas e ela não foi capaz de fazer qualquer concessão. Por exemplo, se ela tivesse dito "se eu fosse acusada, retirarei as consequências e abdicarei do cargo de comissária", no PPE teria passado seguramente e acho que os socialistas também a teriam deixado passar", concedeu, criticando a postura "arrogante" da nomeada francesa.

O Parlamento Europeu (PE) rejeitou em 10 de outubro a nomeação de Sylvie Goulard como comissária europeia do Mercado Interno no futuro executivo de Ursula Von der Leyen, decisão que levou o presidente francês a acusar a instituição de "ressentimento, talvez pequenez" no 'chumbo' à sua nomeada, que defendeu ter sido "sujeita a um jogo político".

O parecer negativo dos eurodeputados prendeu-se com a recusa da nomeada em apresentar a demissão do cargo de comissária europeia caso fosse acusada no processo dos empregos fictícios de assistentes do seu partido, o MoDem, no PE, o mesmo que a levou a demitir-se do Governo francês em junho de 2017, apenas um mês após ter assumido a pasta da Defesa.

O vice-presidente do PPE acredita que o chefe de Estado francês pensou que os eurodeputados abririam uma exceção para a França -- cujo novo candidato, Thierry Breton, será hoje entrevistado pela presidente eleita da Comissão, Ursula Von der Leyen -, ignorando as várias derrotas que já sofreu na assembleia europeia, inclusive dentro do seu próprio grupo, o Renovar a Europa.

"Não é a primeira vez que há um falhanço do senhor Macron. Para a liderança do grupo, ele tinha a senhora [Nathalie] Loiseau e foi o romeno [Dacian] Ciolos que ficou. Se há um padrão é a má escolha e a má condução do processo que Macron faz, porque ele está com um estilo um pouco imperial e isso não é forma de estar na Europa. Isso não quer dizer que a França não tenha um papel, com certeza, mais influente que Estados mais pequenos e médios, mas tem de saber usá-lo de forma diplomática. Até acho estranho que uma pessoa com a inteligência e a clarividência de Macron não veja isso", observou.

Paulo Rangel duvida que o Presidente francês já tenha percebido que deve respeitar o PE, uma instituição que "não tem um poder absoluto mas tem muito poder".

"Sinceramente, acho que é mais falta de atenção devida, porque se houvesse um diálogo, uma conversação entre os grupos políticos, muitos destes equívocos não teriam acontecido e este que foi mais estrondoso que outros. Percebo que para a França e para Macron esta seja uma questão muito delicada. Temos plena consciência disso. Mas não podemos ter um duplo padrão, nesse dia o PE perderia a sua credibilidade", insistiu.

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