PSD e CDS partiram juntos mas acabam legislatura separados e na oposição
A XIII legislatura começou com PSD e CDS a formarem um Governo de coligação, depois de terem vencido as legislativas em 2015, e termina com os dois partidos na oposição, com novos líderes, e separados nas próximas legislativas.
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Política Legislatura
Em 4 de outubro de 2015, a coligação pré-eleitoral Portugal à Frente (PaF), que integrou sociais-democratas e democratas-cristãos, venceu as eleições sem maioria absoluta, com perto de 37% por cento dos votos, e a perspetiva de PSD e CDS poderem vencer as eleições e não conseguirem governar marcou já a reta final da campanha.
Após as eleições e depois de semanas de reuniões partidárias - apenas duas entre PS e coligação PSD/CDS -, missivas e propostas e contrapropostas - que chegaram a incluir a possibilidade de António Costa ser vice-primeiro-ministro -, em 22 de outubro o então Presidente da República Aníbal Cavaco Silva indigitou Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro.
O XX Governo Constitucional tomou posse a 30 de outubro, mas duraria menos de um mês, uma vez que os 107 deputados de PSD e CDS não foram suficientes para travar, em 10 de novembro, a moção de rejeição do PS ao programa do executivo, que o fez cair.
Já na oposição, o líder do CDS-PP é o primeiro a deixar a atividade partidária: em 28 de dezembro, cerca de um mês depois do novo Governo socialista tomar posse, Paulo Portas anuncia que não se recandidatará a novo mandato à frente do partido que liderava há 16 anos.
Em junho do ano seguinte, já com a nova presidente, Assunção Cristas, em funções, Portas viria também a deixar o lugar de deputado, mas a ele se deveu a generalização do termo 'geringonça' para designar a atual solução política, usada inicialmente pelo historiador e comentador Vasco Pulido Valente.
Diferente foi o percurso de Pedro Passos Coelho que se manteve por mais dois anos na presidência do PSD e muitas vezes protagonizando debates quinzenais tensos com o seu sucessor, António Costa.
Os piores resultados do PSD em eleições locais nas autárquicas de 2017 levam Passos Coelho a anunciar, em 3 de outubro, a decisão de não se recandidatar à liderança do partido a que presidia desde 2010, por considerar que tal "seria mais vantajoso" para os sociais-democratas, deixando o parlamento dois meses depois.
Se no CDS-PP a sucessão de Portas foi pacífica, com Assunção Cristas a avançar para a liderança sem oposição (Nuno Melo decidiu não avançar), no PSD o lugar de Passos foi disputado entre Santana Lopes e Rui Rio, depois de também Luís Montenegro e Paulo Rangel terem ponderado entrar na corrida.
Rio viria a ganhar as diretas em janeiro de 2018 com 54% dos votos, mas as tensões internas começaram ainda antes do Congresso que o 'entronizou' em fevereiro, com o afastamento de Hugo Soares da liderança parlamentar do PSD, cargo em que viria a ser substituído por Fernando Negrão, eleito com pouco mais de um terço dos votos dos deputados.
Pouco depois do Congresso, Rio perdeu o secretário-geral - Feliciano Barreiras Duarte sai acusado de falsificar o currículo e informações prestadas ao parlamento - e vários dos seus dirigentes são alvo de investigações por parte do Ministério Público, caso dos vice-presidentes Salvador Malheiro e Elina Fraga e do atual secretário-geral José Silvano, este último por dúvidas nas presenças registadas nos plenários na Assembleia da República.
A turbulência interna culminou em janeiro deste ano com o desafio de Luís Montenegro para que Rio convocasse diretas antecipadas no partido. O presidente social-democrata rejeitou o repto mas fez aprovar uma moção de confiança por mais de 60% dos votos.
Se nos últimos meses os críticos internos calaram publicamente as discordâncias - só Jorge Moreira da Silva veio atacar o resultado das europeias, menos de 22%, o pior de sempre do PSD em eleições nacionais -, a demissão do vice-presidente Castro Almeida conhecida no início de julho foi a última 'pedra no sapato' de Rio, numa altura em que o PSD apresentava medidas de redução da carga fiscal e os cabeças de lista nos principais círculos.
As europeias de 26 de maio foram também uma noite negra na sede do CDS-PP: com um resultado de 6,2%, o pior de sempre do partido em europeias, a quase unanimidade à volta de Cristas começou a abrir brechas.
Se, num primeiro momento, a responsabilidade foi assacada ao cabeça de lista Nuno Melo e ao tom agressivo e mais à direita da sua campanha, a líder do partido acabou a reconhecer que "foi um erro" o CDS-PP posicionar-se ao lado de BE e PCP (e PSD) na contagem do tempo de serviço de professores.
Assunção Cristas já admitiu que o partido parte para as legislativas de uma expectativa mais "modesta" - depois dos 21% que a própria líder alcançou nas autárquicas em Lisboa - e adotou uma postura menos agressiva quanto ao Governo e mais "focada" em propostas.
Cristas e Rio tiveram apenas um encontro público oficial, um almoço, pouco depois de o líder do PSD ser eleito e já depois de este se ter reunido com o primeiro-ministro.
No espaço do centro-direita, apareceram nos últimos meses vários novos partidos, como a Iniciativa Liberal, o Chega e o Aliança, fundado por Pedro Santana Lopes, que seis meses depois de disputar a liderança do PSD abandonou o seu partido de sempre.
Foi, aliás, Santana Lopes o único que defendeu uma coligação pré-eleitoral que juntasse PSD, CDS-PP e Aliança, mas a ideia foi afastada por Rio e Cristas.
Depois de o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter alertado após as europeias para "uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos", as legislativas de 6 de outubro prometem ser um teste decisivo às lideranças de PSD e CDS-PP com todas as sondagens a apontarem uma vitória folgada do PS.
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