PCP responde a Costa. "Diferenças e divergências vão ficando mais claras"

O líder parlamentar comunista assumiu hoje ser "muito difícil" o PCP integrar um eventual Governo com o PS, pois a política alternativa, patriótica e de esquerda teria de ser uma realidade, "caminho" para o qual não há convergência.

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Lusa
02/10/2018 13:22 ‧ 02/10/2018 por Lusa

Política

João Oliveira

João Oliveira comentava, à margem das jornadas parlamentares do PCP, no distrito de Santarém, a entrevista do primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, à TVI, na segunda-feira à noite, na qual o chefe do executivo reconheceu que o atual compromisso à esquerda dá para serem amigos, mas "não para casar".

"Para dar resposta aos problemas do país, faremos o caminho sempre com quem tiver uma posição convergente com essa política alternativa que defendemos", afirmou o deputado comunista.

Durante a manhã, a comitiva do PCP manteve encontros com populações locais, dedicados aos problemas das acessibilidades e necessidades de investimento em infraestruturas de transporte, em Constância e na Chamusca.

"Reconhecemos que, com as opções que o PS faz e os compromissos a que continua amarrado, isso é muito difícil de acontecer, como, de resto, vimos em 2015. O grau de convergência que alcançamos não pode determinar um grau de compromisso diferente daquele que assumimos. Julgo que essas diferenças e divergências vão ficando também relativamente mais claras ao longo do tempo", disse o líder da bancada parlamentar do PCP.

João Oliveira sublinhou que "a perspetiva que o PCP tem da política que é preciso fazer no país não é coincidente com a que tem o PS" e, em muitas matérias, os socialistas assumem "posições muito recuadas relativamente aquilo que eram as necessidades do país, opções e critérios que inviabilizam a resposta a problemas estruturais do país".

"O PCP está disponível para assumir as responsabilidades que o povo lhe quiser atribuir, incluindo governativas, como sempre temos dito ao longo destes 40 anos. Agora, para nós, a questão de integração num Governo, não é a distribuição deste ou daquele lugar, é saber que política o Governo faz para saber se o PCP poderia ou não integrá-lo", continuou.

Para o deputado comunista, "cada um assume as responsabilidades que entende que deve assumir e faz as opções que entende que deve fazer" e "são, sobretudo, os portugueses que têm de fazer uma apreciação do posicionamento que cada um assume e da perspetiva que cada um aponta para o país".

O líder parlamentar do PCP insistiu na necessidade de aumentos salariais na função pública, mas sem querer especular sobre percentagens ou escalonamento de valores, dando primazia às negociações entre organizações sindicais e o executivo socialista, reiterando ainda a exigência de novo aumento extraordinário de dez euros para as pensões em janeiro próximo.

Ainda sobre as negociações do Orçamento do Estado para 2019 com o Governo, cuja proposta tem de dar entrada na Assembleia da República dentro de duas semanas, João Oliveira não deu por perdida a pretensão de reduzir o IVA na eletricidade, no gás natural e do gás de botija, revertendo o aumento de 6% para 23% protagonizado pelo anterior Governo PSD/CDS-PP.

Na Chamusca e em Constância, os deputados do PCP ouviram as queixas dos utentes e defenderam a necessidade de planeamento estratégico e investimento público na construção, ampliação e conservação de travessias rodoviárias e ferroviárias sobre o rio Tejo.

Tanto na ponte Dr. João Joaquim Isidro dos Reis e a ponte da Praia do Ribatejo, dois casos de constrangimento ao tráfego em virtude da estreiteza das vias, que só permitem a passagem alternada de veículos, regulada por semáforos, com a consequente longa demora, aumentada pela grande afluência de veículos pesados de mercadorias.

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