As histórias repetem-se, ano após ano, sobretudo no arranque das aulas. Desta vez, denunciou o Bloco de Esquerda, em causa está um vídeo de uma praxe violenta e humilhante em Évora.
No vídeo, partilhado nas redes sociais (disponível na galeria acima) é possível ver o aluno a ser praxado, forçado a ajoelhar-se e a por a cabeça em farinha. O estudante manifesta desconforto durante o ‘exercício’, ao que o praxista lhe responde: “Não me interessa, desenmerde-se”.
Confrontados com o desagrado do autor do vídeo, que ali passava no momento da praxe, os responsáveis insistem que o estudante “está ali porque quer”.
Face a esta situação, o Bloco de Esquerda dirigiu uma pergunta ao Governo, através do Ministério da Ciência e do Ensino Superior. No documento, o partido refere que “todo o cenário de abuso” aconteceu a 24 de setembro Rossio de São Brás no concelho de Évora e lembra à tutela que casos como estes se repetem “sucessiva e anualmente”, nos quais prevalece uma “cultura de violência inerente à prática da praxe”.
“Subjacente a estas práticas identifica-se uma hierarquia autoritária e arbitrária, que se instala entre alunos e alunas de uma mesma instituição de ensino, alimentando um sistema de obediência acrítica de uns mais 'fracos', os mais novos, para com outros mais 'fortes', os mais velhos”, lê-se na pergunta dirigida ao Governo.
O Bloco diz considerar “absolutamente inaceitável” que, "apesar dos sucessivos alertas e campanhas que têm vindo a ser desenvolvidas, quer por entidades ligadas ao Ensino Superior, quer por iniciativas legislativas no sentido do combate à praxe violenta, quer pelos próprios estudantes, que constituem os melhores interlocutores nesta matéria, atos como estes, de profunda violência e humilhação sob estudantes do primeiro ano continuem a ser impunemente tolerados e praticados”.
Perante o caso, os bloquistas perguntam a Manuel Heitor se tem conhecimento da situação e, caso tenha, que diligências tomou ou tenciona tomar. Mais: O Bloco quer saber se o Ministério considera aceitável que entidades sob a sua tutela, como sejam as instituições de ensino superior, "deem o seu aval a atos de violência física no âmbito de atividades que um grupo de estudantes decide serem a forma de 'integração' no ensino superior".
À Universidade de Évora, o partido pergunta se está disponível “para intervir de forma clara e consequente sobre a realização de praxes, assumindo uma posição em defesa da dignidade dos e das estudantes e condenando todo o ato de violência e humilhação que esta atividade promove” e se considera “tomar medidas para combater a violência praxística”.