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Tancos: O assalto, as teorias e um Exército que "não sai fragilizado"

Assinala-se hoje o Dia do Exército, uma instituição que se tem visto 'a braços' com o polémico caso do desaparecimento de material de guerra dos Paióis de Tancos. A propósito da efeméride, a mensagem que o Exército quer passar é a de que continua a esforçar-se para manter a confiança dos portugueses na instituição.

Tancos: O assalto, as teorias e um Exército que "não sai fragilizado"
Notícias ao Minuto

08:40 - 24/10/17 por Melissa Lopes

País Exército

O caso do assalto a Tancos tem praticamente quatro meses e vale a pena recordá-lo hoje, data em que se assinala o Dia do Exército. Estes são acontecimentos que fazem parte de um filme do qual se desconhece, ainda, o final. Uma parte do mais recente capítulo já foi escrita: o material de guerra que desaparecera em julho foi encontrado na passada na quarta-feira, na Chamusca, a duas dezenas de quilómetros de ‘casa’.

A informação foi confirmada pela própria Procuradoria-Geral da República (PGR). O caso está em segredo de justiça e, por essa razão, sabe-se apenas que ainda não foi constituído qualquer arguido, disse ao Notícias ao Minuto fonte da PGR. Apesar disso, o semanário Sol avançou no fim de semana passado que já haveria suspeitos identificados, dois militares, faltando ainda identificar , de acordo com a mesma publicação, os ‘cabecilhas’ do assalto. Seja como for, o Exército, garante-nos o Tenente Coronel e Porta-voz Vicente Pereira, "não se sente fragilizado" com o caso. 

Recuemos então quatro meses. Um dia depois de responsáveis militares terem descoberto que havia material militar em falta nos paióis de Tancos, em Vila Nova da Barquinha, a 27 de junho, a informação foi dada ao país, sem que tenha sido pormenorizado que e quanto material havia desaparecido. Foi, posteriormente, um jornal espanhol a fazê-lo, no dia 2 de julho.

Em causa estava um arsenal de guerra capaz de causar destruição e que colocava a Europa em “alerta”. A lista que detalhava o material fora fornecida pelas autoridades portuguesas às forças antiterroristas espanholas. Aliás, o próprio ministro da Defesa Azeredo Lopes referiu que havia pedido ao Chefe do Estado-Maior e das Forças Armadas que "avisasse imediatamente os nossos aliados e congéneres da União Europeia e da NATO" sobre o sucedido.

Face à “gravidade” dos acontecimentos, o Ministério Público desencadeou prontamente uma investigação, admitindo existir a suspeita de tráfico de armas e terrorismo. A 6 de julho, o Chefe do Estado Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, ouvido numa comissão parlamentar, admitiu ter existido falta de supervisão na segurança dos Paióis, assumindo as responsabilidades e exonerando, temporariamente, cinco comandantes. responsáveis por indicar, rotativamente, efetivos para a segurança das instalações.

Volvido algum tempo, e não se sabendo do paradeiro do material em falta, começaram a surgir várias teorias que apontavam para a possibilidade de não ter existido assalto algum. O coronel Vasco Lourenço foi uma das vozes a levantar-se nesse sentido. O presidente da Associação 25 de Abril afirmou, na altura, suspeitar de que o assalto teria sido encenado. Com que objetivo? “Destruir o Governo”.

“No limite pode não ter havido roubo”, disse a 10 de setembro o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, em entrevista à TSF. As suas declarações não caíram bem e as críticas, essas, vieram tanto da Direita como da Esquerda. Exigiram-se explicações ao ministro. CDS e PSD chegaram a pedir a sua demissão. No Parlamento, Azeredo explicou que o Governo “fez o que devia ser feito e num tempo muito curto”. Os seus esclarecimentos não convenceram PSD e CDS.  PS, por seu turno, reiterou a confiança no ministro.

O caso encontraria, depois dessa tempestade, relativa calmia no plano mediático. Todos os holofotes estavam apontados para o Ministério da Administração Interna, que tentava sobreviver à tragédia de Pedrógão Grande. O material de guerra – quase na sua totalidade - foi, por fim, encontrado pela PJ Militar, após denúncia anónima. Tal aconteceu no dia da ‘queda’ (do anúncio da sua demissão, leia-se) de Constança Urbano de Sousa, três dias depois de nova tragédia causada pelo fogo que tirou a vida a 44 pessoas. 

A mais recente tragédia dos incêndios é, aliás, o motivo pelo qual não foram realizadas nem estão planeadas iniciativas para celebrar o Dia do Exército. Todas elas foram "infelizmente canceladas" devido ao período de luto nacional e ao apoio que o Exército está a dar à Autoridade Nacional de Proteção Civil no terreno, explica o tenente coronel Vicente Pereira. Estão, por esta altura, 284 militares a patrulhar 87 concelhos do país. Haverá por isso apenas, além da missa já realizada em Guimarães, uma "cerimónia singela" de evocação de D. Afonso Henriques (Patrono do Exército), em Coimbra, na Igreja de Santa Cruz, pelas 11 horas. "Assinalamos a tomada de Lisboa, 1147, pelas tropas de D. Afonso Henriques. Desde esse ano que o Exército é feito de portugueses para portugueses, é um Exército que acompanha o tempo e a história de Portugal. Continuamos a esforçar-nos para continuarmos a ter a confiança dos portugueses na nossa instituição", salienta ainda o Tenente Coronel Vicente Pereira. 

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