As praças dos Restauradores e do Rossio, em Lisboa, foram ‘rebatizadas’ hoje de madrugada como praça Pedro Passos Coelho, “restaurador da independência financeira de Portugal”.
Contactados hoje pela agência Lusa, a quem tinham enviado um email a dar conta da ação, os cidadãos, que preferiram manter-se anónimos, asseguraram que “esta iniciativa não se enquadra em nenhum tipo de movimento ou partido”.
“É um ato isolado que pretende ‘alertar consciências’. Somos simples cidadãos que pretendem explicar que a sociedade está viva. Sabemos e temos presente onde se faz política, onde se debatem ideias. Isto é crítica social”, explicaram.
A iniciativa foi além das praças do Rossio e dos Restauradores. Este grupo fez o mesmo noutras artérias da cidade.
A Avenida da Liberdade viu o nome “alterado” para Avenida Miguel Relvas [ex-ministro], “herói da liberdade de expressão”.
“A situação que vivemos é asfixiante! O exemplo mais paradigmático do que fizemos foi a utilização do nome Relvas como herói da liberdade de expressão na Avenida que é um símbolo e uma montra de Portugal”, escreveram.
As placas, em papel, foram colocadas nos locais na madrugada de hoje.
“Foram horas infinitas. Demorou a planear, custou a escolher o momento, foi complexo executar. Provavelmente por sermos amadores, confessamos que tudo isto foi difícil. Mas este era o momento certo para celebrar. Está um pouco de nós naqueles cartazes”, referiram.
Os responsáveis disseram ainda que “o trabalho que deu a procurar detalhes, a escolher as ruas, o seu significado e quem deveria estar onde, só se explica por um descontentamento maior”.
O grupo ‘rebatizou’ também a Rua Augusta, agora a Rua Vitor Gaspar [ministro das Finanças], “grande inspirador do Portugal Novo”, a Rua do Ouro, a Avenida António Borges [consultor do governo], “"grande ideólogo da competitividade de Portugal”, a Rua da Betesga, agora Carlos Moedas [secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro], "zeloso guardião do ajustamento de Portugal", e a Avenida Fontes Pereira de Melo, a Av. Álvaro Santos Pereira [ministro da Economia], “grande obreiro da reindustrialização de Portugal”.
Quando questionados sobre futuras ações, responderam que “nada está pensado”.
“Isto não tem por objetivo tornar-se num movimento. Respeitamos as instituições, sabemos que para as preservar é preciso respeitá-las, mas a vontade pode ser mais forte”, referiram, lembrando que “esta motivação não se apaga, mas apenas o tempo dirá” se estarão dispostos “a passar mais noites em branco”.