Tetraplégico cancela protesto junto à Assembleia da República

O tetraplégico que iria estar deitado junto ao parlamento, em Lisboa, a partir de domingo, em protesto contra "o modelo de apoio à vida independente" proposto pelo Governo, cancelou hoje a iniciativa, dando "o benefício da dúvida aos governantes".

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Lusa
20/05/2017 19:56 ‧ 20/05/2017 por Lusa

País

Lisboa

Eduardo Jorge iria sair no domingo de manhã de sua casa, em Concavada, Abrantes, "de táxi adaptado", em direção à Assembleia da República, onde o esperaria o apoio de amigos e ativistas, e iria deitar-se numa cama articulada durante quatro dias.

Durante o protesto, Eduardo Jorge esperava ficar "totalmente dependente dos cuidados do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa", e também do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva.

Em causa, segundo Eduardo Jorge, tetraplégico após um acidente de viação em 1991, está a proposta do Governo de Modelo de Apoio à Vida Independente, tendo observado que, no documento apresentado, "uma pessoa totalmente dependente de terceiros terá ao seu dispor assistência pessoal nas suas atividades de vida diária, no máximo durante 40 horas semanais", apoio esse disponibilizado por centros de Apoio à Vida Independente que possuam o estatuto de IPSS e sejam reconhecidos pelo Instituto Nacional para a Reabilitação.

"Isto pouco tem de vida independente porque nós necessitamos de apoio durante todo o dia e durante os sete dias da semana, e não só oito horas diárias e só nos dias úteis", critica Eduardo Jorge, que defende que "as verbas que faltam para um programa de vida independente completo devem entrar por via do Orçamento do Estado".

Numa carta aberta dirigida a diversas instituições e ministérios, Eduardo Jorge defende a sua visão de vida independente: "É passarmos a ser os donos das nossas vidas, termos um assistente pessoal ao nosso lado, sem imposições economicistas, que substitua os nossos braços, mãos, olhos, ouvidos e pernas de maneira a sermos livres e independentes como os demais, e não estarmos sujeitos ao número de horas de apoio impostas por mais um serviço de apoio domiciliário disponibilizado por uma IPSS".

Em declarações à Lusa, criticou um modelo que definiu como "assistencialista e institucionalizador" e defendeu "que sejam os deficientes a receber o dinheiro diretamente para poderem contratar os seus assistentes pessoais ou empresas, sejam elas privadas ou pertencentes à economia social" e assim servir melhor as suas necessidades.

Segundo as contas de Eduardo Jorge, e "olhando para os últimos censos, cerca de 800 mil pessoas tinham algum tipo de deficiência", entre as quais, afirmou, "cerca de 25% têm necessidade de recorrer a outra pessoa para realizar tarefas".

 

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