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Fátima atrai estreantes a procissão em Macau com quase 90 anos

Milhares de fiéis católicos espalharam-se hoje, alguns pela primeira vez, pelas ruas de Macau para a procissão de Nossa Senhora de Fátima, no ano em que se comemoram os 100 anos das "aparições" marianas de Fátima.

Fátima atrai estreantes a procissão em Macau com quase 90 anos
Notícias ao Minuto

19:33 - 13/05/17 por Lusa

País Fátima

Junto à porta do local das cerimónias Freeman Leung, 26 anos, veio de Hong Kong, pela primeira vez, de propósito para a procissão: "Sou católico-apostólico. Em Hong Kong temos poucas destas atividades, por isso quis juntar-me e experienciar".

Por herança britânica há em Hong Kong uma presença mais forte do protestantismo do que do catolicismo, apesar de ambas serem minoritárias. "Sinto que estas cerimónias, estas liturgias, podem ajudar-me a estar mais perto de Deus e fortalecer a minha fé", disse Freeman Leung.

Ao contrário dos anos anteriores, quando a eucaristia e o início da procissão ocorriam na Igreja de São Domingos, este ano a cerimónia foi marcada para a Sé Catedral de Macau e pelas 18:00 (11:00 em Lisboa) já pouco espaço havia no Largo da Sé, onde as pessoas que não couberam na igreja acompanhavam a missa através de ecrãs, algumas envergando t-shirts com a imagem de Nossa Senhora.

Após a missa em três línguas (chinês, português e inglês) pelo bispo Stephen Lee, e a comunhão, quando já era noite, a imagem de Nossa Senhora de Fátima saiu da igreja, entre cânticos de Avé Maria e centenas de ecrãs de telemóveis.

Em declarações à Lusa, Freeman Leung espera que melhore a relação entre a China e o Vaticano, apesar das "dificuldades" que fazem com que "o Governo [chinês] não permita que os católicos expressem a sua fé livremente no país".

Segundo Leung, muitas outras pessoas vieram a Macau para a ocasião, notando um número significativo dos que falam mandarim. "Acho que querem experienciar isto", apontou.

Com o marido e a filha de três anos, Jane Leung, de 34 anos, contou que esta foi a primeira vez que foi à procissão desde que foi mãe.

"Este ano é especial, por causa do centenário. É importante participar num evento deste tipo. É tão impressionante. Temos de copiar o comportamento da Virgem Maria e a sua paixão", comentou.

Questionada sobre a importância de trazer a filha, salientou que faz parte da educação, "para que a sua pequena alma possa crescer numa atmosfera católica".

A procissão seguiu pela cidade até à igreja da Penha, onde só chegou pelas 21:00 (14:00 em Lisboa). O dia quente e húmido não impediu milhares de pessoas de subir até à Ermida da Penha, acompanhadas de orações e cânticos que ecoavam pelos altifalantes espalhados pela cidade. Segundo indicou a polícia à Lusa, três mil pessoas estiveram na procissão, mas entre os participantes esse número era tido como muito conservador.

Depois de "ter ficado a meio caminho" no ano passado, a portuguesa Sílvia Carimbo, de 44 anos, fez hoje questão de fazer a procissão até ao fim.

"Noto muito mais gente este ano, acredito que por comemoração do centenário tenham aparecido muito mais pessoas na procissão", disse.

Para Carimbo, Fátima "é do mundo" e não apenas portuguesa. "Cada vez mais há comunidades católicas em todo o mundo despertas para o fenómeno de Fátima, para o milagre, para estas comemorações. Quem é católico não vê Nossa Senhora de Fátima como portuguesa, vê como de todos", apontou, dizendo-se surpreendida com a diversidade cultural da procissão.

O mesmo destacou Miguel Augusto, de 46 anos, que apesar de viver em Macau desde 1984, se estreou hoje na procissão.

"Decidi pelo centenário mas não só, também pela fé, por uma aproximação de há uns anos para cá a Cristo, a Nossa Senhora e à leitura da Bíblia, toda essa minha aproximação à Igreja fez-me este ano vir à procissão", explicou.

No cimo da ermida da Penha, depois de mais de uma hora a andar pela cidade, com boa parte do percurso a subir, Miguel Augusto destacou a "experiência muito bonita, principalmente estando em Macau", devido à presença de "várias culturas e principalmente a cultura chinesa, que é uma muito forte".

Macau tem quase 645 mil pessoas, com a comunidade católica estimada em cerca de 30 mil. A primeira procissão de Nossa Senhora de Fátima aconteceu em 1929.

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