Em declarações à Lusa, Sandra Benfica, da direção do MDM, explicou que a iniciativa surge "na sequência de um trabalho realizado pelo movimento ao longo dos anos, nomeadamente dos projetos já desenvolvidos em Lisboa e Faro".
"Decidimos agora implementá-lo também na região do Porto", afirmou, sublinhando que "a região Norte, particularmente a região do Porto, continua a ser uma zona com um número muito reduzido de sinalizações. Como acreditamos, infelizmente, que a situação não será muito diferente da do resto do país, da Europa e do mundo, preocupa-nos que ainda não haja um olhar mais sensível à especificidade deste tipo de violência, de crime contra os direitos humanos".
Nos próximos 18 meses, os promotores do projeto irão "falar e sensibilizar para o tráfico humano, dar pistas de como se reconhece, de como se identifica, de como é que se combate o tráfico humano", disse.
"Vamos procurar criar uma rede de parcerias com entidades públicas e privadas que trabalham na comunidade, com operadores turísticos, com a ANA -- Aeroportos de Portugal, com empresas transportadoras, vamos estar nas escolas, trabalhar com as polícias, com os sindicatos, vamos alargar até onde conseguirmos esta rede de informação e sensibilização em torno do tráfico humano", sustentou Sandra Benfica.
De acordo com a responsável, "a experiência mostra que quando isto acontece, quando os olhos se tornam mais curiosos e mais treinados, mais facilmente é possível identificar situações de tráfico humano".
No Porto, o projeto será essencialmente dirigido a mulheres, incidindo nas mulheres imigrantes, e aos jovens. "Há um elemento novo neste projeto que é tornar os materiais acessíveis a pessoas com deficiência", salientou.
"Não será possível abranger todas as atividades, mas iremos fazer um esforço para introduzir a língua gestual e o braille, porque as pessoas com deficiência são cada vez mais focadas como grupo com particular vulnerabilidade ao tráfico humano", frisou.
O MDM irá elaborar um diagnóstico, planificar ações e divulgar informação específica sobre o tráfico de mulheres.
"Estamos a preparar uma campanha de sensibilização maior, que irá incluir a edição de materiais em vários suportes, nomeadamente em vídeo, e folhetos em várias línguas com informação de instituições onde podem pedir ajuda. Vamos ter 'workshops' de sensibilização e prevenção junto de jovens, mulheres imigrantes e técnicos de intervenção social", referiu Sandra Benfica.
Está também prevista a realização de um seminário que reunirá os parceiros do projeto e especialistas de entidades ligadas ao estudo e investigação sobre tráfico humano, assim como será assinalado "em grande" o Dia Europeu Contra o Tráfico, a 18 de outubro, acrescentou.
O projeto ACT - Agir Contra o Tráfico de Mulheres" será apresentado terça-feira, no Clube Fenianos, no Porto.
O Movimento Democrático de Mulheres (MDM) é uma associação de mulheres, movimento de opinião e de intervenção, que valoriza o legado histórico dos movimentos femininos que defenderam e lutaram pela emancipação das mulheres e pela construção de uma sociedade de paz, justiça e progresso social. O MDM é uma organização de âmbito nacional, sem fins lucrativos.