Esta semana uma bebé de seis meses morreu subitamente enquanto dormia a sesta, depois do almoço, num infantário localizado na Buraca, na Amadora.

A Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL) continua sem explicação, tal como disse ao Notícias ao Minuto o coordenador da Unidade de Cardiologia Pediátrica do Hospital Lusíadas, José Martins.

“Não temos uma resposta a essa pergunta”, lamenta o especialista, explicando que “não há uma doença identificada que justifique a maior parte dos casos” de morte súbita nos bebés.

Existe um pequeno número de casos que resulta de doenças cardíacas, um pequeno número de casos que resulta de asfixia – que está relacionado com a posição do bebé durante o sono – e um pequeno número de casos que está relacionado com anomalias estruturais (pulmões, respiração ou refluxo gastroesofágico), mas o grande número de casos são inexplicáveis

O facto de não existir uma causa identificada que justifique este tipo de morte, torna estes momentos muito dolorosos para os pais.

“É muito duro” explicar aos progenitores que os filhos morreram sem que exista uma justificação para tal, mas o especialista é perentório quando diz que é “importante dizer aos pais que não se culpabilizem”.

“A ciência infelizmente não tem resposta para tudo. Nós avançámos em muitas áreas, mas não conseguimos ainda dar resposta a este fenómeno”, acrescentou o médico cardiologista.

Apesar de na maioria das vezes as autópsias serem inconclusivas, não é por isso que devem deixar de ser feitas, porque acabam sempre por dar pistas que, no futuro, podem ajudar a evitar estas mortes.

Importante é também, sublinha o especialista José Martins, fazer rastreios durante a gravidez para detetar algum problema que possa levar à morte súbita dos bebés.

Conselhos dos especialistas aos pais

Esta é uma área da medicina que gera alguma polémica, uma vez que é difícil definir métodos de prevenção quando não se conhece a causa da Síndrome de Morte Súbita do Lactente.

Contudo, a Academia Americana de Pediatria recomenda, desde 1992, que os bebés sejam colocados para dormir de barriga para cima. Este método, revelam os especialistas norte-americanos, reduziu o número de mortes súbitas em cerca de 47%.

Porém, nem tudo são boas notícias, uma vez que ao mesmo tempo que estas mortes foram diminuindo, os óbitos provocados por asfixia aumentaram.

Nesta senda e na busca por uma diminuição ainda maior de mortes súbitas nas crianças, os especialistas da Academia Americana de Pediatria aconselham as mães a amamentar, pois o leite materno fortalece os bebés, e a escolher colchões rijos para que o bebé não se afunde no mesmo.

Colchas ou cobertores com pelo também são desaconselhadas, bem como fumar junto às crianças.