Aos 37 anos, Adorinda Bernardo concretizou um sonho. Foi a primeira cabeleireira em Portugal a abrir um salão ambulante. Profissional há 11 anos, trocou um salão na cidade de Miranda do Douro, em Bragança, por uma carrinha, com a qual percorre as aldeias do concelho.
A ideia era nova e não havia qualquer precedente. Quando decidiu avançar, movida pelo facto de o senhorio se recusar a fazer obras no espaço onde arranjava cabelos de segunda a sábado, Adorinda recorreu a uma empresa que transforma carrinhas em funerárias.
“Queria um salão numa roulotte. Pu-lo numa carrinha”, conta, orgulhosa, ao Notícias ao Minuto. É assim que, atualmente, percorre as aldeias de Trás-os-Montes.
Diariamente, vai ao encontro do público idoso, nas aldeias de Mogadouro e Miranda do Douro onde não há salões de estética. Dias antes da visita, distribui papéis pelas juntas de freguesia e cafés. E assim é feito o pré-aviso.
Quando chega às freguesias, tem clientes à sua espera para cortar ou pintar, essencialmente. “Há aldeias onde quase toda a gente aderiu”, congratula-se.
No primeiro ano de atividade, o projeto tornou-se um sucesso. Às reportagens nos meios de comunicação local, seguiram-se os media nacionais. E nem o IKEA ficou indiferente ao slogan “Adorinda vai ao seu encontro”.
Em 2015, Adorinda foi a protagonista de um anúncio da cadeia sueca de mobiliário. “Recusei várias vezes, mas eles insistiram e acabei por aceitar. Ainda bem. Será uma recordação para toda a vida”, recorda.
Hoje, com 39 anos, Adorinda diz-se uma mulher mais feliz e uma mãe mais desocupada. “Agora tenho mais tempo livre para mim e para as minhas filhas”, acrescenta, em jeito de despedida, naquele que é também o Dia da Mãe.