A obra 'Vou ser pai' assume-se como um "manual de sobrevivência" para os homens que estão prestes a ter um filho.
"O objectivo é os pais saberem o que se passa consigo, em aspectos que têm a ver com a masculinidade, a passagem de 'miúdo' para adulto, de filho para pai, a mudança de triângulo pai-mãe-filho, em que eram o vértice 'filho', para um novo em que são o vértice 'pai'", explica Mário Cordeiro à agência Lusa.
Para o pediatra, os homens estiveram muitos milénios afastados de uma parte essencial da sua vida, que é a gestação e conceptualização de um filho.
"Até há bem pouco tempo, os pais 'entravam no filme' só quando a criança era mais crescida, perdendo, eles e o bebé, um imenso tempo, irrecuperável, de ligação, de criação de laços e envolvimento no crescimento", refere o também professor na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
Mário Cordeiro define a gravidez para o homem como "um pontapé na morte e a garantia da eternidade", uma realidade que traz muitas alterações sentimentais e psicológicas.
Mas os homens sofrem também alterações corporais e hormonais durante a gestação de um filho, o que leva o pediatra a afirmar que um pai também fica grávido, insistindo que a expressão deve ser usada mesmo sem aspas.
Por isso, o livro tem uma parte que acompanha a gravidez mês a mês, desenvolvendo o que os pais vão sentindo ao longo das 40 semanas, incluindo aspectos práticos como consultas, ecografias ou análises necessárias durante a gestação.
Segundo o especialista, a obra pode ajudar os homens a entender melhor o que se passa com a mulher, tornando-os mais empáticos nesta fase das suas vidas. Por outro lado, para as mulheres o livro pode servir para compreender o que homem sente: a ambiguidade e ambivalência dos seus sentimentos.
São 10 capítulos, distribuídos por mais de 300 páginas, com temas tão diversos como "os aspectos biológicos e emocionais durante a gravidez", o sexo após o parto ou os direitos dos pais durante a gravidez.