Francisco Alves explicou à Lusa que, em janeiro, já foi entregue a proposta de inscrição daquele mosteiro beneditino na lista indicativa do Património Mundial da Unesco, estando entretanto a ser ultimado todo o processo de candidatura.
"Até 30 de junho, será entregue o resto do processo da candidatura", afirmou o autarca, manifestando-se "muito esperançado" de que o Mosteiro de Refojos venha mesmo a conseguir a classificação como Património Mundial.
Para "dar um empurrão" a essa candidatura, a Câmara de Cabeceiras de Basto vai promover, a 4 e 5 de junho, um seminário internacional alusivo à temática "A ordem beneditina, o papel dos mosteiros e o património da Unesco".
Um dos objetivos desse seminário, cujo programa foi hoje apresentado em conferência de imprensa, é destacar os aspetos mais significativos da história dos mosteiros, desde a Idade Média até à atualidade, tendo como "principal referência" o Mosteiro de S. Miguel de Refojos.
"A ideia passa muito por divulgar o nosso mosteiro, destacando as suas especificidades e o seu papel histórico, social e cultural e o seu valor patrimonial, fatores que, em nosso entender, justificam a sua classificação como Património Mundial", disse ainda Francisco Alves.
Lembrou que, caso a candidatura "chegue a bom porto", aquele será o primeiro dos 29 mosteiros beneditinos existentes em Portugal a conseguir aquela classificação.
A Câmara sublinha que aquele é o único dos mosteiros beneditinos em Portugal construído de raiz segundo os cânones da arte barroca e também o único com um zimbório monumental.
Com origem no século VII, aquele monumento ganhou importância como mosteiro beneditino no século XII, estando ligado à fundação de Portugal.
A Câmara destaca ainda a "dimensão histórica" do mosteiro, que foi gerador de povoamento e de desenvolvimento humano das Terras de Basto, assumindo-se como um "testemunho ativo e vivo" dos principais acontecimentos da história de Portugal.
Dá também ênfase ao cálice de prata dourada do mosteiro, com data de 1152 e classificado de Tesouro Nacional, sendo o objeto mais antigo do Museu Machado de Castro, em Coimbra.
Para os promotores da candidatura, aquele cálice é testemunho da ligação do rei Afonso Henriques ao mosteiro e da interação do mosteiro com a Universidade de Coimbra.
Entretanto, o município continua a investir na requalificação do mosteiro, estando neste momento em curso a requalificação de quatro altares, uma empreitada que inclui tratamento da talha, das esculturas, dos vidros e das portas.
O investimento é 166 mil euros, comparticipado por fundos comunitários, e os trabalhos estarão concluídos até finais de junho.
Paralelamente, será feito um estudo de diagnóstico do estado de conservação do mosteiro.
O mosteiro, além da igreja, integra os Paços do Concelho e o Externato de S. Miguel de Refojos, este último património da Arquidiocese de Braga.
A igreja, a sacristia e o teto do salão nobre dos Paços do Concelho estão classificados como imóvel de interesse público desde 1933.