A Estação do Rossio, em Lisboa, foi palco de protestos contra a detenção dos ativistas que faziam parte da Flotilha Global Sumud com destino a Gaza, durante a tarde de sábado, dia 4 de outubro. Alguns dos manifestantes deslocaram-se para o interior da estação, o que condicionou a circulação dos comboios e um jovem acabou por ser eletrocutado quando subiu à parte superior de uma composição.
A manifestação, que contou com mais de 3.000 pessoas, começou pelas 15h00, na Praça do Martim Moniz, e tinha como destino final o Rossio - Praça D. Pedro IV.
Já no Rossio, em frente aos portões de acesso aos comboios na estação, os manifestantes gritaram 'Free, free Palestine, stop de genocide', tendo sido requerido pelo chefe dos elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) a presença da Brigada de Intervenção.
"Israel é um estado assassino, viva a luta do povo palestiniano", ouviu-se em uníssono na Estação do Rossio, juntamente com palmas e assobios ao som de tambores, assim como a palavra de ordem "O povo unido jamais será vencido".
"Estava prevista a participação de 500 pessoas e entraram 3.000 pessoas, agora, no final da manifestação. Estou seguro de que esse número foi largamente ultrapassado", disse um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) à Lusa, após a marcha, que chegou ao Rossio às 16h55.
Ainda de acordo com a PSP, "de forma não expectável", os manifestantes dirigiram-se para o interior da estação.
"A PSP, através de Equipas de Intervenção Rápida do Comando Metropolitano de Lisboa e do Corpo de Intervenção na Unidade Especial de Polícia acompanhou e monitorizou a ação de contestação social desde o início e interveio no interior da Estação do Rossio para retirar os manifestantes que entraram naquela zona, impedindo a circulação ferroviária, tendo resolvido esse incidente", explicou um comunicado da PSP.
Jovem de 22 anos eletrocutado após subir comboio
Um jovem de 22 anos, que participava na manifestação, foi eletrocutado quando tentava subir a parte superior de um comboio. A vítima foi transportada para o Hospital de São José - e encontra-se em estado grave.
Portugueses detidos em Israel "sem comida nem água durante 48 horas"
Recorde-se que, na sexta-feira, Mariana Mortágua fez chegar uma nota à família, na qual detalhava estar numa cela com outras 12 pessoas, "sem comida nem água durante 48 horas".
"Nem sequer sabemos se a Mariana tem noção de há quantas horas está presa. Não sabemos se a deixaram dormir, se não deixaram. Israel não é conhecido por respeitar direitos humanos em prisões, não podemos assumir nada. […] O que sabemos é que Israel deu garantias ao Governo português de que trataria as pessoas com dignidade e não há nenhuma dignidade", denunciou Joana Mortágua - que também participou na manifestação em Lisboa -, em declarações à SIC Notícias.
Fonte oficial do Governo assegurou que os quatro portugueses detidos em Israel estão "bem de saúde, apesar das condições difíceis". No entanto, "queixas várias" motivaram um "protesto imediato" da embaixadora portuguesa em Israel.
Helena Paiva, que visitou os ativistas, "pôde confirmar que todos se encontravam bem de saúde, apesar das condições difíceis e duras à chegada ao porto de Ashdod e no centro de detenção", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), numa nota enviada à Lusa.
"Não foram sujeitos a violência física, não obstante queixas várias - queixas estas que levaram a um protesto imediato por parte da embaixadora de Portugal em Israel", complementou o Palácio das Necessidades.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves estão entre os mais de 450 participantes da missão humanitária detidos pelas forças israelitas, que intercetaram entre quarta e quinta-feira as cerca de 50 embarcações que integravam a flotilha.
Houve manifestações em várias cidades do mundo
As manifestações contra a detenção dos ativistas que participavam na flotilha humanitária aconteceram em vários cantos do mundo. Por exemplo, Nova Iorque (Estados Unidos), Madrid, Sevilha, Málaga (Espanha), Roma (Itália) ou em Manchester e Londres (Reino Unido).
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