Em declarações à agência Lusa, às 10h10, Paulo Fernandes explicou que o combate direto durante a noite conseguiu "mitigar algum risco" na encosta dos Boxinos e na aldeia de Açor.
"A situação mais grave decorre na Serra da Gardunha, com o fogo a descer de uma forma lenta, mas com muita perigosidade em direção a Castelo Novo", disse.
Segundo o autarca, a frente norte, nas proximidades de Souto da Casa, denota muita instabilidade.
Paulo Fernandes salientou que todas as frentes de fogo estão muito instáveis e há imensos pontos quentes que em qualquer momento podem complicar a situação.
"Em termos estruturais, temos falta de recursos. Basicamente, estamos a operar com os meios próprios do Fundão. Os meios aéreos ainda não estão a operar a esta hora. Disseram-nos no briefing [ao terceiro dia] que podíamos ter meios aéreos. Não temos ainda nenhum a operar a esta hora" sustentou.
O autarca realçou que a situação no seu concelho é "bastante crítica" e que é urgente a chegada de mais meios terrestres, máquinas de rasto, "mais recursos".
"Se não forem colmatadas estas falhas, corremos o risco de repetir as cenas terríveis e trágicas por aquilo que aconteceu no dia de ontem [terça-feira] e ao princípio da noite, com várias localidades cercadas pelo fogo", afirmou.
O autarca disse que o dia de hoje é crítico e garantiu que se não acontecer nada até ao final da manhã/princípio da tarde, "esta batalha estará longe de ser vencida".
Na noite de terça-feira, sobretudo em Souto da Casa, arderam parcialmente algumas primeiras habitações, houve a destruição de segundas habitações e há muitas estruturas agrícolas de apoio já destruídas.
Este incêndio que deflagrou na quarta-feira, em Arganil, já se estendeu também aos concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra), Seia (Guarda) e Covilhã e Castelo Branco (Castelo Branco).
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos provocaram três mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Segundo os dados provisórios, até 20 de agosto arderam mais de 222 mil hectares no país, ultrapassando a área ardida em todo o ano de 2024.
Leia Também: Florestas privadas? Há mais probabilidade fogos de gravidade elevada