De acordo com o presidente do SNCGP, Frederico Morais, são três as greves de guardas prisionais que decorrem atualmente: uma no Linhó, total; uma no Estabelecimento Prisional de Lisboa, iniciada em janeiro de 2018 e que incide sobre as horas extraordinárias; e uma no Hospital Prisional de São João de Deus, em Caxias (Oeiras), que começou em junho, tem fim marcado para 31 de dezembro e abrange as diligências a que os reclusos têm de comparecer.
Na sexta-feira, a Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR) voltou a alertar que o protesto no Linhó - cuja adesão tem, segundo o SNCGP, rondado os 100% - tem causado "problemas gravíssimos aos reclusos", uma vez que "não têm roupa lavada", "têm o número de visitas reduzidas", e ficam "fechados 22 horas por dia".
O protesto, justificado pelo sindicato com a alegada falta de segurança na prisão, tem sido prolongado mensalmente desde dezembro.
Questionado hoje pela Lusa sobre a previsão para o fim da greve no Linhó, Frederico Morais ameaçou que tal só vai acontecer quando "a diretora [do estabelecimento prisional] sair".
O presidente do SNCGP referiu ainda que há profissionais de outras prisões - Chaves, Coimbra e Porto - a querer convocar greves, igualmente por razões de segurança, relacionadas com, alegou, a falta de guardas prisionais e o excesso de atividades para presos.
"Pode-se caminhar para aí nos próximos dias", disse, ressalvando que tal acontece apesar de as negociações com o Governo sobre questões laborais "estarem bem encaminhadas".
À Lusa, a DGRSP reconheceu hoje que a greve na prisão do Linhó tem gerado "constrangimentos e limitações" no quotidiano dos reclusos, com os quais estes têm lidado, tal como os seus familiares, com "civilidade e compreensão".
"Na sequência dos grevistas não permitirem a entrada de sacos com roupa para os reclusos, o estabelecimento prisional disponibilizou tanques para que a roupa individual possa ser lavada pelos próprios", salientou, acrescentando que foram também compradas "máquinas de lavar que serão instaladas muito em breve".
O organismo realçou ainda que "as deslocações a hospitais e visitas aos reclusos integram os serviços mínimos", depois de, na sexta-feira, a APAR ter associado ao protesto o facto de um preso ter engolido objetos pela quinta vez num mês.
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