A Câmara Municipal de Loures prestou esclarecimentos acerca do caso da mãe que, na quarta-feira, foi levar o seu bebé à creche e, quando regressou, as portas de casa, na Quinta do Mocho, estavam fechadas.
Em resposta a um pedido de esclarecimento pedido pelo Notícias ao Minuto, a autarquia aponta que a decisão de fechar as portas teve como "fundamento vários incumprimentos."
Em causa estiveram "uma dívida acumulada de rendas superior a 6.000 euros", assim como a situação em que esta mulher "não integra o agregado familiar autorizado a residir na habitação."
"No momento da ação foi identificado no local o próprio arrendatário, que confirmou residir atualmente no estrangeiro, o que configura um caso de ausência de residência efetiva e cedência não autorizada do locado a terceiros", detalha a câmara municipal.
Na nota de esclarecimento é acrescentado que "apesar de não ter sido submetida qualquer candidatura no âmbito do Plano Extraordinário de Regularização de Ocupações sem Título de Habitações Municipais, a Câmara Municipal de Loures disponibilizou uma proposta de acolhimento temporário em pensão para a mãe e a filha bebé, que foi rejeitada."
A este respeito, o executivo municipal esclarece também que foram disponibilizadas "alternativas habitacionais no mercado de arrendamento, com possibilidade de apoio financeiro à caução e à primeira renda."
A situação foi denunciada ao Notícias ao Minuto por uma trabalhadora da creche local que a bebé de um ano frequenta.
Após regressar a casa e se deparar com a casa fechada, a mulher voltou ao estabelecimento "a chorar", e que a ação tinha sido levada a cabo pela câmara do município.
A funcionária revelou ainda que situações de despejos acontecem "todas as semanas". "Chegam, trancam a porta com os pertences dentro e as pessoas não podem fazer nada", acrescentou.
Disse ainda que "dezenas de casas" são "fechadas, onde colocam um portão de ferro", notando também que "muitas vezes são pessoas com a renda em dia."
De recordar que, no mês passado, o movimento Vida Justa denunciou que tinha sido dada uma ordem de despejo a 200 famílias no bairro de habitação municipal da Quinta do Mocho, referindo que estava a acontecer "despejos diários".
Em comunicado, o Vida Justa referiu que "uma parte significativa das pessoas despejadas na Quinta do Mocho, ou com ordem de despejo, não se encontra na situação" de incumprimento.
Em resposta à denúncia do Vida Justa, a Câmara Municipal de Loures negou as afirmações, falando em "falsidades, omissões e erros" sobre alegadas ordens de despejo na Quinta do Mocho. Defenderam que, do total de 615 procedimentos de despejo planeados para todo o concelho, 269 ocorrem entre moradores da Urbanização Terraços da Ponte (anteriormente Quinta do Mocho).
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