Em declarações à Lusa, fonte sindical explicou que, na zona Centro, em vez de estar em Viseu (como acontece atualmente), a base dos aparelhos da Força Aérea Portuguesa (FAP) fica em Ovar, assim como acontece no caso de Évora - onde está hoje baseado um dos helicópteros que faz emergência médica - que, a manter-se a atual localização do meio da FAP, ficará em Beja.
"Em termos de 'timings' a população fica desprotegida porque é totalmente diferente um helicóptero estar em Viseu, se houver algum acidente ou se houver alguma transferência para fazer da Guarda ou de Castelo Branco, do que o helicóptero estar junto à costa", disse a mesma fonte, acrescentando: "É diferente chegar a um acidente passado 30 minutos, ou chegar passado uma hora, ou uma hora e meia".
O responsável, piloto de profissão, questionou ainda como é que a Força Aérea no ano passado assumiu não ter capacidade para garantir este serviço e agora já tem.
Na quarta-feira, os ministérios da Defesa Nacional e da Saúde anunciaram que o transporte aéreo de emergência médica vai ser assegurado, a partir da próxima terça-feira, por aeronaves e equipas da Força Aérea, até que o concurso público lançado pelo INEM obtenha o visto do Tribunal de Contas.
A agência Lusa questionou a Força Aérea sobre quantas aeronaves serão utilizadas nesta solução, qual o tipo específico de aeronave da FAP que será utilizado, quantas equipas médicas serão afetas a esse serviço e sobre se as aeronaves ficarão estacionadas nas bases do INEM em Macedo de Cavaleiros, Viseu, Évora e Loulé, ou se mantém as suas atuais bases, mas até ao momento não obteve resposta.
O sindicato admitiu ainda que a empresa que ganhou o concurso não tenha capacidade para responder com quatro helicópteros e respetivos pilotos.
"Sabemos perfeitamente que a formação de um piloto demora, a correr bem, à volta de um mês e meio. Depois, mais a emissão de licença, serão dois meses. O primeiro curso de pilotos começou em junho, portanto (...) já sabíamos que isto ia acontecer", disse, acrescentando que a empresa "tem cursos de pilotos planeados para agosto e setembro".
O sindicato diz ainda que o Governo foi avisado para esta possibilidade há três meses, por email: "O gabinete da ministra recebeu há três meses a informação de que esta situação era muito provável que acontecesse".
Na informação enviada à ministra da Saúde, o sindicato alertava que a empresa vencedora do concurso (Gulf Med) poderia enfrentar dificuldades no cumprimento das exigências do contrato, tanto em relação aos meios aéreos disponibilizados, como na captação do número necessário de pilotos qualificados.
Face às informações de que dispunha sobre a possibilidade de a empresa não conseguir arrancar logo em julho com todos os meios disponíveis, o sindicato sugeria que não se excluísse e outra empresa que poderia garantir os quatro helicópteros com respetivos pilotos.
"A garantia de que mais de uma empresa possa cumprir com os requisitos do contrato seria fundamental para evitar riscos de mais um concurso", referia o sindicato.
A CNN noticiou na semana passada que, a partir de 1 de julho, o dispositivo de helicópteros de emergência médica iria ficar reduzido a metade, só com as bases de Macedo de Cavaleiros e Loulé ativas.
A 05 de junho, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) garantiu que tinha cenários alternativos para a eventual impossibilidade de o contrato para os quatro helicópteros de emergência médica entrar em vigor em 01 de julho, por falta de visto do Tribunal de Contas.
"Estes cenários podem passar pelo recurso ao atual operador ou a outros que reúnam as condições exigidas pelo INEM", explicou na ocasião o INEM numa resposta à agência Lusa, na sequência de um alerta do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) de que os helicópteros não estariam operacionais em julho.
No início deste mês, a CNN tinha noticiado que o INEM fez uma consulta ao mercado a 06 de junho (com prazo de resposta a 11 de junho) e, citando um documento a que tinha tido acesso, referia que o INEM admitia precisar de helicópteros de recurso entre dois e quatro meses.
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