O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), Luís Carrilho, viu os casos de agressões dos últimos dias em Lisboa, no Porto e Guimarães, associados a grupos neonazis, como "inadmissíveis num Estado de Direito e na vida em sociedade", mas garante que "Portugal é um país seguro" e a prova está nos "indicadores de segurança factuais que existem", como o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI).
"No que aconteceu junto ao Campo Grande, a PSP rapidamente identificou alguns dos alegados autores e encaminhou-os para o sistema de justiça. Da mesma forma, no que aconteceu em Santos, com a ajuda da vítima, identificámos o alegado autor. Portugal é um Estado de Direito democrático onde todos são inocentes até que provem o contrário em termos de julgamento justo", adiantou Luís Carrilho, em declarações à RTP, à margem de uma apresentação da PSP.
"A PSP trabalha no sistema de segurança e de justiça, em termos de prevenção, mas também na investigação criminal se tal se justificar", continuou.
Questionado em concreto sobre os casos de agressões no Porto e em Guimarães, o diretor nacional recusou comentá-los, adiantando apenas que em Guimarães "houve queixa contra queixa" e, "em todas as circunstâncias", a PSP dá o "melhor para prevenir".
"Qualquer coisa que seja dita em termos do caso concreto pode não só prejudicar as investigações em curso como prejudicar o direito de defesa. O que posso dizer é que todos os casos de violência são inadmissíveis e a PSP, que hoje relança aqui as suas ciclo-patrulhas, tudo fará para estar próxima do cidadão, prevenir os crimes e ajudar as vítimas. A PSP preocupa-se com cada crime que não consegue evitar e que os alegados autores sejam trazidos à justiça", acrescentou o diretor nacional da PSP.
Em Lisboa, Adérito Lopes, ator da companhia A Barraca, foi agredido na noite do Dia de Portugal quando se preparava para entrar no espetáculo ‘Amor é fogo que arde sem se ver’, homenagem a Camões, com entrada livre. Segundo a diretora da companhia, Maria do Céu Guerra, o ataque ocorreu por volta das 20h00, à porta do teatro Cinearte, onde um grupo de neonazis exibia cartazes xenófobos e provocou vários artistas antes da agressão.
No Porto, na quarta-feira à noite, neonazis agrediram duas voluntárias que distribuíam comida por pessoas sem-abrigo.
Já em Guimarães, no sábado, um homem foi agredido por um elemento de um grupo neonazi numa rua do centro histórico da cidade. A PSP tomou conta da ocorrência e comunicou os factos ao Ministério Público (MP).
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