Câmara de Lisboa condena ataque contra companhia de teatro A Barraca

A Câmara de Lisboa condenou hoje o ataque sofrido pela companhia de teatro A Barraca, em particular pelo ator Adérito Lopes, e manifestou solidariedade com todas as vítimas das "agressões violentas" perpetradas por um grupo de extrema-direita.

Teatro A Barraca

© Wikimedia Commons

Lusa
16/06/2025 15:23 ‧ há 5 horas por Lusa

País

Extrema-direita

Em reunião privada, o executivo municipal aprovou votos de repúdio e de condenação pela agressão ao ator Adérito Lopes, da companhia de teatro A Barraca, que ocorreu às portas do Teatro Cinearte, em Lisboa, na noite de 10 de junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, quando entrava para um espetáculo de homenagem a Camões, com a peça "Amor é um fogo que arde sem se ver".

 

Todas as forças políticas com representação na Câmara de Lisboa, nomeadamente a liderança PSD/CDS-PP (que governa sem maioria absoluta), PS, Livre, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PCP e BE, apresentaram votos de condenação relativamente a esta ação de violência perpetrada por um grupo de extrema-direita.

Os votos foram viabilizados por unanimidade, à exceção do do PSD/CDS-PP, que teve a abstenção do BE, informou à Lusa fonte da autarquia.

Com o voto do PSD/CDS-PP, a câmara solidariza-se com "todas as vítimas das agressões violentas e das provocações de um grupo de extrema-direita, em particular com o ator Adérito Lopes", e manifesta "profundo repúdio" por estas agressões, considerando que "demonstram o pior do fanatismo e extremismo ideológicos".

Afirmando que cenas de violência como esta "são absolutamente inaceitáveis em Lisboa", a liderança PSD/CDS-PP, sob presidência do social-democrata Carlos Moedas, defende que "o combate à violência dos radicalismos políticos faz-se também com a garantia de mais segurança na cidade", com a presença de "mais polícia".

Criticando as declarações de Carlos Moedas por falar de "extremismos", o BE afirma que "apenas existe a ação violenta e de ódio da extrema-direita", acusando o autarca do PSD de contribuir para "normalizar a política do ódio", ao relativizar a extrema-direita e ao não exigir os dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) que permitiriam identificar e combater este fenómeno.

O voto do BE repudia a "agressão neonazi" ao ator Adérito Lopes e à companhia de teatro A Barraca e condena a "presença e atuação de grupos de extrema-direita e neonazis no espaço público, exigindo uma resposta firme das autoridades competentes", inclusive instando o Governo a divulgar o capítulo removido do RASI relativo às ameaças da extrema-direita, para "total transparência na avaliação dos riscos à segurança democrática".

Também o voto do PS presta solidariedade com o grupo de atores da companhia de teatro e manifesta repúdio pelo "lamentável e inadmissível" ataque sofrido, em particular pelo ator Adérito Lopes.

"Trinta anos depois do assassínio do jovem Alcindo Monteiro, vítima de violência racial às mãos de um grupo de neonazis, o dia 10 de junho volta a ficar manchado pela mesma indignidade", refere o PS, exigindo que "episódios destes não se repitam".

O voto do Livre também repudia as agressões e manifesta solidariedade com "todos os profissionais da cultura e cidadãos e cidadãs alvo destes ataques, cada vez mais frequentes, apelando à tomada de medidas firmes e integradas que impossibilitem a repetição destas agressões".

Com o voto dos Cidadãos Por Lisboa (CPL), a autarquia condena toda e qualquer manifestação de caráter violento na cidade, "com índole racista, racialista e/ou xenófoba", afirmando a tradição multicultural da capital, a sua luta pela igualdade e a democracia.

A este propósito, os vereadores dos CPL destacam as suas propostas para a criação do Observatório Alcindo Monteiro sobre racismo e xenofobia e do Prémio Municipal Bruno Candé, aprovadas há um ano, por unanimidade, e que continuam por concretizar, afirmando que "estão hoje mais atuais do que nunca".

Também o PCP condena a agressão perpetrada por membros de "uma organização fascista" contra atores da companhia de teatro A Barraca, exigindo a "identificação e atuação contra todos os responsáveis - indivíduos e organizações - por esta agressão e a sua punição".

Leia Também: Centenas juntam-se em Lisboa para condenar violência após agressão a ator

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