O projeto, intitulado, "Ammonia as a X-Power enabler for stationary power facilities deCarbonization through Direct Combustion", visa produzir energia alternativa sem recorrer ao carvão ou a fontes consideradas "mais sujas", foi hoje divulgado.
A solução encontrada pelos investigadores, que desenvolvem este trabalho há 38 meses, passa pela utilização de biomassas, resíduos florestais e amónia, no sentido de tentar colmatar falhas de energia, para, depois, também alimentar a rede.
De acordo com os promotores, este projeto, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), poderá também contribuir para a produção de calor.
Em declarações à agência Lusa, o professor Válter Silva, que lidera o projeto, explicou hoje que a equipa que constitui esta missão concluiu que é possível alimentar a rede, "até percentagens mais ou menos entre 10 a 20% de amónia", mas também com misturas de biomassa, "sem perder performance".
Válter Silva explicou que esta experiência levou também os investigadores a concluírem que existe uma "vantagem adicional" que passa por "minimizar bastante" a libertação de dióxido carbono para a atmosfera.
O projeto, segundo o investigador, teve a preocupação de encontrar soluções para a carência de biomassa, uma vez que se trata de um produto sazonal.
E a falta de biomassa em determinadas alturas do ano, por sua vez, levou os investigadores a tentarem colmatar esta situação com a utilização de amónia.
"A amónia permite uma combustão, uma queima, onde não temos libertação de dióxido de carbono", disse.
No entanto, existem outros problemas, como a libertação de NOx (compostos NOx são óxidos de nitrogénio que incluem, por exemplo, óxido de nitrogénio, dióxido de nitrogénio e óxido nitroso).
"Por um lado temos uma enorme vantagem pois não temos dióxido de carbono, mas, por outro lado, temos NOx, mas podemos otimizar o processo de forma a que a emissão seja bastante reduzida", explicou.
De acordo com Válter Silva, a ideia do projeto passou por reunir um conjunto de soluções para que "não possamos depender" das energias tradicionais.
"O resultado foi bastante interessante Nós conseguimos assegurar uma performance ao mesmo nível utilizando diversas fontes, como a biomassa e a amónia", acrescentou.
Para exemplificar, o investigador explicou que uma estação a nível internacional que utiliza carvão, ao aplicar os resultados deste projeto poderá vir a "reduzir significativamente" as suas emissões em "mais de 20%.".
O financiamento do projeto termina em junho e foi repartido entre o IPP e o Instituto de Engenharia Mecânica, do Instituto Superior Técnico, contando ainda a iniciativa com a colaboração do Technion -- Israel Institute of Technology e a Universidade do Texas, em Austin (Estados Unidos).
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